CIÊNCIA & CULTURA
O
Papel da Arte no Ensino de Ciências
por
Renata Nory

Há
lugar para a arte no ensino de ciências, especialmente da Física?
É... Parece que nos dias de hoje, não há muito espaço
para a arte ou qualquer outro tipo de coisa que não sejam fórmulas,
fórmulas e mais fórmulas. Aposto que se você perguntar
para qualquer aluno do ensino médio o que é Física, ele
vai responder, a não ser que ele seja uma rara exceção,
que Física é um monte de leis velhas e mais um outro monte de
fórmulas... Onde está a arte em tudo isto?
Quando se pergunta a uma pessoa o que é um artista, geralmente ela
responde que é uma pessoa que consegue fazer coisas belas, que consegue
criar sempre onde existe a mesmice, que tem um brilho próprio etc.
Atualmente qualquer professor de Física que consiga fazer com que seus
alunos aprendam alguma coisa pode - e deve! - ser considerado um artista,
porque, além de enfrentar os baixos salários, se depara com
alunos com as mais diferentes realidades e vivências, que nem sempre
estão dispostos a aprender, e tem que se desdobrar para cumprir a sua
função.
Mas é só no professor que a arte está presente? Claro
que não. Vamos pensar na seguinte questão: qual o papel da arte
na sociedade? Podemos dizer que a arte tem a função de expressar
sentimentos. Sentimentos que estão impregnados de realidade, da realidade
de onde surgiram. A arte tem o tom do imaginário, da libertação
dos padrões, de trazer para a cena o inédito, tem o tom da inovação.
É isso que está faltando nas aulas de Física (não
só nas de Física, mas em todas as outras também). Estão
faltando dois destes componentes, que
parecem até antagônicos: a realidade e a imaginação.
As aulas de Física são desprovidas de quaisquer destes dois
elementos. Não são capazes de mostrar ao aluno que a sua realidade
e a sua vivência estão em constante comunicação
com a Ciência e nem de abrir portas para a criação, para
uma abstração do real tão necessária principalmente
para a Física contemporânea. Tudo o que o aluno vê são
situações ideais às vezes tão longe de serem reais
que ele perde o contato. A libertação dos padrões limita-se
a zero, na solução dos sempre manjados problemas padrão
para os exames vestibulares.
Bem, o que se pode concluir disso tudo? Que está faltando arte no ensino
de Ciências.