SITUAÇÃO E POSSIBILIDADE DO USO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE FÍSICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SANTA MARIA(*)



Claudio Luiz Hernandes(1)
Luiz Clement(2)
Eduardo Adolfo Terrazzan(3)
Núcleo de Educação em Ciências, Centro de Educação, Universidade Federal de Santa Maria
Campus Universitário Camobi, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil

Resumo

    É conhecido o problema que constituem as atividades experimentais quando se pretende proporcionar aprendizagem significativas mediante sua incorporação as atividades habituais em aulas de física (Gonzáles, 1992). Resultados recentes de investigações sobre este tema trouxeram novos desafios ao uso de atividades experimentais no ensino-aprendizagem das Ciências, atingindo diretamente o trabalho prático tradicional científico, ou seja, às prática de laboratório que limitam-se exclusivamente à manipulação de materiais, observação e comparação de teorias. Segundo Hodson (1994), as atividades experimentais no Ensino de Ciências deveriam contemplar aspectos como por exemplo: motivar os alunos, favorecer na aprendizagem de conceitos, desenvolver habilidades e procedimentos investigativos orientados a análise do problema, capacidade de emitir hipóteses, analisar dados e obtenção de conclusões, promover uma adequada imagem da ciência experimental e a investigação científica. O que se deseja, de modo geral, é aproximar a prática do chamado laboratório didático das atividades e métodos desenvolvido na ciência, ou seja, das práticas de investigação. Nesse sentido, para que ocorra uma mudança metodológica no desenvolvimento das aulas de professores de física no Ensino Médio, é imprescindível partirmos de suas próprias concepções e dos condicionantes impostos pela realidade escolar. Assim, realizamos um levantamento das condições da escola em termos de propiciar a prática de atividades experimentais, bem como um levantamento das concepções dos professores acerca do uso destas atividades no ensino de física. Neste trabalho usamos como instrumento para obtenção de dados um questionário composto de questões dissertativas e questões objetivas, que foi distribuído para ser respondido por professores de física do Ensino Médio atuantes em Escolas Estaduais da Região de Santa Maria/RS. Foram distribuídos/enviados aos professores de física um total de 52 questionários, atingindo 12 Escolas Estaduais de Ensino Médio, tivemos um retorno de 22 questionários preenchidos. Constamos que: 1) nas escolas estaduais praticamente não existe sala de laboratório específico para a disciplina de física, apesar de possuírem algum tipo de material para a prática de atividades experimentais, mesmo que fornecido/emprestado pela UFSM; 2) a metade dos professores que responderam o questionário, tiveram contato com atividades experimentais durante sua vida escolar, seja ele no Ensino Médio ou no Ensino Superior; 3) os professores acreditam que as atividades experimentais desempenham um papel crucial no processo ensino-aprendizagem dos alunos; 4) há um elevado índice de professores que não realizam nenhuma atividade experimental em suas práticas pedagógicas. Nossa avaliação permite algumas afirmações a cerca da postura dos participantes da pesquisa, perante a sua própria prática docente. Por exemplo: há um grau de incoerência entre o que os professores demonstram crer acerca das potencialidades das atividades experimentais e o que eles praticam em sala de aula. Tomando como ponto de partida as manifestações dos professores em exercício, sobre o trabalho prático, e as condições das escolas estamos elaborando e reavaliando propostas para a discussão das atividades experimentais em cursos de formação inicial e continuada de professores de Física/Ciências. (CAPES e CNPq)

(*) Versão modificada de trabalho apresentado na 52ª Reunião Anual da SBPC, realizado em Brasília/DF Brasil, de 09 a 14 de julho de 2000.
(1)  Bolsista de Mestrado da Capes pelo NEC/CE/UFSM e Aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação/Centro de Educação/UFSM; Email: a2060406@alunop.ufsm.br
(2) Bolsista de Iniciação Científica do CNPq pelo NEC/CE/UFSM e Aluno do Curso de Licenciatura em Física da UFSM; Email: a9813123@alunog.ufsm.br
(3) Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq pelo NEC/CE/UFSM e Prof. Adjunto do Centro de Educação/UFSM; Email: eduterra@ce.ufsm.br