PROGRAMA DE VOCAÇÃO CIENTÍFICA (PROVOC) NA UFMG - AVALIAÇÃO DE UM MODELO EDUCACIONAL PARA O ENSINO MÉDIO



Gisele Brandão Machado de Oliveira

Izabella Figueiredo de Almeida e Silva
 

Resumo

    O Programa de Vocação Científica, Provoc, surgiu em 1986 na Fundação Oswaldo Cruz(1) com o objetivo de despertar e estimular a vocação cientifica entre os estudantes do ensino médio buscando contribuir para unia melhor escolha profissional. No ano de 1998, este programa foi estendido para o Centro de Pesquisa René Rachou CPqRR em Belo Horizonte, da Fiocruz, atendendo a proposta de "Descentralização/ampliação do Programa de Vocação Científica enquanto modelo educacional" e o Colégio Técnico foi escolhido para ser a escola piloto em Minas Gerais Em março de 2000 o Colégio Técnico da UFMG, em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa, lançou o "Provoc na UFMG" onde 12 pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento (onde 66,6% se referem ao desenvolvimento de pesquisas na área de Química e Biologia) se dispuseram a receber os alunos do Ensino Médio para orientá-los no programa. O Provoc tem como proposta ser desenvolvido em 2 anos consecutivos que são divididos em dois momentos: fase inicial e avançada (1 ano cada fase). Na fase inicial os estudantes tomam conhecimento do que é o programa, observam o funcionamento do laboratório e são orientados com relação a leituras científicas e técnicas da pesquisa para que possam elaborar um projeto de pesquisa, Na fase do avançado o estudante desenvolve as atividades inerentes ao seu projeto, construído junto aos orientadores. O Provoc visa contribui para uma política de formação de futuros pesquisadores, aproveitando a capacidade instalada da instituição, tanto em termos de pessoal, quanto de instalações físicas. A implantação do Provoc na UFMG apresenta-se como um campo de pesquisa interessante, no sentido de se verificar como esse processo inédito dentro da universidade atende aos objetivos principais do programa Considerando ser o Provoc uma experiência inédita dentro da UFMG, faz-se necessário que a sua implantação seja acompanhada em todas as etapas, principalmente, por estarmos dentro de uma instituição tão diversificada em termos de valorações e por envolver a participação de alunos de nível médio. Esses alunos apresentam características diferenciadas dos alunos de graduação participantes dos programas de Iniciação Científica: são mais jovens e não cursaram as disciplinas especificas que, muitas vezes, são pré-requisitos para as diversas áreas de pesquisa. Isso imprime a esse programa um caráter peculiar e o sucesso de sua implantação depende de um acompanhamento e avaliação criteriosa de todas as etapas de seu desenvolvimento. Esta pesquisa (2) propõe avaliar alguns aspectos da implementação deste programa na UFMG através de uma análise qualitativa que visa analisar o ponto de vista do aluno, do professor-orientador e da instituição. Do ponto de vista do aluno, são nossos objetos de avaliação o interesse, a curiosidade, a iniciativa pessoal, a organização psicológica do processo ensino-aprendizagem, o potencial investigatório e a postura no trabalho individual e coletivo. Do ponto de vista do professor-orientador aspectos quanto ao interesse (nível e formas de envolvimento), a organização do ambiente e a intervenção orientadora são os objetos de avaliação. Quanto a instituição, são focos de análise o interesse de participação e o comprometimento com a difusão da ciência em todos os níveis de formação. A análise quantitativa pontua o número e as áreas que mais se envolvem com o programa e a aceitação do mesmo junto aos alunos do Colégio Técnico da UFMG. Os instrumentos que servirão de base para as análises são os relatórios parciais e finais entregues pelos estudantes e pesquisadores, depoimentos obtidos em reuniões, questionários aplicados, redações usadas na seleção dos alunos participantes do programa e análises subjetivas Enfim, abrir um espaço de participação para o aluno da graduação neste processo de acompanhamento, discussão e avaliação do Provoc na UFMG para que os mesmos através do desenvolvimento de uma visão critica, possam perceber como o indivíduo, o grupo e a instituição se portam frente ao novo e inovador e como se estabelecem o processo de culturalização de valores e valorações na educação é um dos focos principais do programa.
 

(1) Trabalho apresentado no 2" Encontro Nacional de Pesquisa em Educação cm Ciências — Valinhos, 1999.
(2) Resultados preliminares apresentados na IX Semana de Iniciação Científica da UFMG. Belo Horizonte, 2000.