OBJETIVOS DAS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS: uma pesquisa coletiva em um curso de formação de professores(1)



Maria do Carmo Galiazzi(2)
Jusseli Maria de Barros Rocha
Luiz Carlos Schmitz
Moacir Langoni de Souza
Sérgio Giesta(3)
Fábio Peres Gonçalves(4)



Resumo

    Neste trabalho foram apresentados os resultados de uma pesquisa coletiva sobre os objetivos das atividades experimentais, apontando para as possibilidades da pesquisa em sala de aula como desenvolvimento profissional de professores e alunos através de sua utilização como princípio didático.

    A pesquisa foi desenvolvida por um grupo de cinco professores e nove alunos, durante uma disciplina anual em 1998, no curso de Licenciatura em Química – Habilitação Ciências da Universidade Federal do Rio Grande. O projeto foi elaborado por um dos professores e submetido à discussão no grupo, com a seguinte questão de pesquisa: Que objetivos podem ser atingidos com as atividades experimentais no ensino médio? Os dados foram coletados através de um questionário onde atribuiu-se valores de 0 a 5 aos diferentes objetivos. Dos 50 instrumentos recolhidos,18 foram de professores e 32 de alunos do curso.

    Paralelamente à análise dos dados, fizemos leituras e discussão de referencial teórico. As questões foram categorizadas em quatro grandes grupos de objetivos: os que desenvolvem o saber (conhecimento), o saber fazer (procedimentos), o ser (atitudes) e o saber, saber fazer e ser (conhecimentos integrados). Os resultados deste tipo de experiência nos levaram a conclusões em dois âmbitos: um deles relativo aos resultados da pesquisa e outro em relação à vivência de uma pesquisa coletiva.

    Com relação ao primeiro, os resultados mostram a necessidade de um trabalho com estas características na formação inicial, ao provocar mudanças de concepções do grupo sobre experimentação, sempre presentes nos cursos de formação de professores de Ciências.

    A realização da pesquisa também permitiu colocar em evidencia aprendizagens ambientais dos participantes sobre o que é ser professor e/ou aluno. Estas aprendizagens são muito resistentes à mudança, pois foram sendo construídas ao longo de nossas vivências na escola e na universidade. Reconhecemos, no entanto, a pesquisa em sala de aula como uma possibilidade de mudança nos cursos de Licenciatura, na formação dos futuros professores e na formação dos formadores.


Referências

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.

DEMO, Pedro. Pesquisa e Construção de Conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.

GIL, D et al. Tiene sentido seguir distinguiendo entre aprendizage de conceptos, resolución de problemas de lápiz e papel y realización de prácticas de laboratorio? Ensenãnza de las Ciencias, vol.17, n. 2, jun.1999, p. 311-320.

IZQUIERDO, M; SANMARTÍ, N; Espinet, M. Fundamentación y disenõ de las prácticas Escolares de Ciencias Experimentales. Enseñanza de las Ciencias, 17(1):45-60, 1999.

MORAES, R. e RAMOS, M. The use of Research in Teacher Education. Paper presented in the 21a Conference of the ISTE. South Africa, May, 1998.

(1) Trabalho apresentado no II ELEQ, X ENEQ,  XX EDEQ. Porto Alegre: 12 a 15 de julho de 2000,  PUCRS. Aceito para publicação na Revista Ciência & Educação, da UNESP.
(2) E-mail: carmo@nupeq.furg.br
(3) Professores do Núcleo de Pesquisa em Educação Química – NuPEQ/FURG
(4) Bolsista da Iniciação Científica