O CONCEITO DE HERANÇA BIOLÓGICA NO CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO



A.C. Cantiello
S.L.F. Trivelato
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo



Resumo

    O presente trabalho é parte integrante da dissertação de mestrado em desenvolvimento, e dá continuidade a pesquisa apresentada no II ENPEC realizado em 1999: "Desempenho em provas vestibulares: levantamento diagnóstico da aprendizagem conceitual em Biologia". Como resultado, verificamos que as questões que envolviam conteúdos relacionados a Herança Biológica apresentaram baixo índice acerto por parte dos candidatos. Isso nos motivou a verificar como o conceito de Herança está presente nos currículos do Ensino Médio e como é aprendido pelos alunos. Usamos como indicativo dessa aprendizagem o desempenho de candidatos em provas vestibulares. O conceito de Herança considerado nessa investigação, abordará a hereditariedade no que diz respeito à natureza do material hereditário e mecanismos que regem a transmissão dos agentes ao longo das gerações.

    Para Banet (1995,1998) os estudantes do Ensino Médio não possuem conhecimentos que lhes permitam compreender as concepções elementares da genética. As pesquisas apontam também a importância que os professores concedem à genética mendeliana, à teoria cromossômica de herança ou ao conceito de gene. Em relação ao ensino de genética o autor faz referência a vários trabalhos que estão orientados para investigar o conhecimento dos estudantes em relação à genética, à análise das características dos programas e ainda, das estratégias de ensino desse conteúdo. Muitos professores, cientes da importância deste conteúdo, têm introduzido mudanças nas suas práticas docentes para uma melhor aprendizagem conceitual de genética. O autor considera importante compartilhar as experiências realizadas nas pesquisas, assim como analisar que planejamentos didáticos, seriam aconselháveis, para que realmente os estudantes conseguissem resolver procedimentos inerentes a atividade científica (interpretação de dados, emissão de hipóteses, elaboração de conclusões).

    Nos últimos cinqüenta anos o conceito de Herança Biológica sofreu modificações relacionadas ao desenvolvimento da ciência nesse período. A presença desse conceito ao longo da trajetória do Ensino de Ciências Biológicas vai sendo alterada, na medida em que os avanços científicos e tecnológicos vão progredindo e novas descobertas ocorrendo. Contudo, na última década, a quantidade de inovações na área tem sido muito grande. Assuntos como clonagem, alimentos transgênicos e mapeamento do genoma humano são encontrados na mídia e comentados em diversos contextos. Logo, a presença desse conceito no Ensino de Ciências Biológicas é necessária para que o aluno compreenda melhor a Ciência que o cerca. Também é necessário que o aluno interaja de forma crítica e consciente com os inúmeros progressos científicos é o que pretendemos verificar ao final da dissertação.

    O relatório da FUVEST (Fundação para o Vestibular da USP) representa o instrumento central de análise documental, nos fornecendo informações sobre os índices de acerto dos candidatos e demais índices estatísticos em relação às respostas dos mesmos às questões da prova de Biologia. Isso nos permitirá analisar a relação entre as opções dos alunos por uma determinada resposta, o tipo de questão que se apresenta, e os conteúdos abordados em cada questão.

    Através da análise dos dados constantes dos relatórios elaborados pela FUVEST, podemos acompanhar o desempenho dos conjuntos de candidatos ao longo de várias provas sucessivas; obter um perfil dos conteúdos aprendidos; e podemos , também, ter uma visão do currículo de Biologia do Ensino Médio.

    Pretendemos com essa investigação analisar como o conceito de Herança Biológica é compreendido e interpretado pelos egressos do ensino médio, quando respondem a questões sobre esse conceito nas provas vestibulares, tendo o desempenho dos mesmos como indício de currículo real avaliado.