Mapas conceituais são ferramentas que facilitam o acompanhamento da evolução conceitual dos estudantes ao longo de um episódio de ensino. Neste estudo exploratório, nós utilizamos mapas conceituais para analisar a evolução conceitual de oito estudantes iniciantes do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Bahia, no segundo semestre de 2000. Um dos procedimentos que podem ser utilizados para cumprir este objetivo consiste na comparação entre mapas conceituais sucessivos feitos pelos alunos, ao longo de seus processos de aprendizagem. De um modo geral, mapas conceituais são diagramas que podem ser entendidos como representações do modo como os conceitos estão organizados na estrutura cognitiva de um indivíduo, explicitando as relações entre os conceitos de uma maneira hierárquica.

    Os mapas conceituais estão fundamentados na teoria da aprendizagem significativa, formulada por David Ausubel e colaboradores (1980). De acordo com esta teoria, o conhecimento é constituído por conceitos organizados desde os mais gerais até os mais específicos, passando por uma série de hierarquias intermediárias (Galagovsky 1983). Os conceitos mais gerais são denominados superordenados ou subordinadores, porque incluem os conceitos mais específicos, ditos conceitos subordinados. É importante ter clareza de que ummapa conceitual deve ser visto apenas como uma das possibilidades de representar-se à estrutura conceitual de um domínio do conhecimento, não sendo adequado referir-se a ele como o mapa conceitual. Isso não significa dizer, contudo, que todas as possibilidades de construção de um mapa conceitual sejam aceitáveis (Moreira 1987:14), uma vez que as relações entre os conceitos são coordenadas e, portanto, têm seu número limitado.

    Este estudo tem como objetivo propiciar aos alunos uma transição do ensino médio para o ensino superior, de tal modo que eles possam iniciar sua formação universitária com base numa estrutura conceitual mais organizada. Por isso, seu conteúdo enfoca os conceitos centrais, estruturantes (Gagliardi 1986) do pensamento biológico, e enfatiza a construção de estruturas conceituais ordenadas e hierarquizadas, sendo particularmente adequada a utilização de mapas conceituais neste contexto.

    A turma era constituída por oito alunos regularmente matriculados, sendo sete repetentes e um aluno recém-ingresso no curso. Um dos autores (CNEH) atuou como professor e outra autora (SCN) como monitora da disciplina. O conjunto de quatro mapas disponível para cada estudante forneceu um retrato dinâmico de sua evolução conceitual, i.e., das mudanças que ocorreram em sua base cognitiva ao longo do processo de aprendizagem.

(a) Mestrado em Biologia, Área de Concentração “Ecologia e Biomonitoramento”, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bolsista CAPES. e-mail: sandracs@ufba.br
(b) Depto. Físico-Química, Instituto de Química, UFBA.
(c) Mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS. Mestrado em Ecologia e Biomonitoramento, UFBA. Departamento de Biologia, Instituto de Biologia, UFBA.