FOTOGRAFIA, RADIOGRAFIA, TOMOGRAFIA E ULTRASSONOGRAFIA: A COMPREENSÃO DOS PROFESSORES E ALUNOS SOBRE OS PROCESSOS FÍSICOS DE OBTENÇÃO DAS IMAGENS



Renato Queiróz Machado(1)

Maria Guiomar Carneiro Tomazello(2)



Resumo

    As pesquisas realizadas nas três últimas décadas na área de educação em Ciências mostram que as idéias prévias dos alunos sobre os fenômenos naturais devem ser consideradas quando se pretende atingir uma aprendizagem significativa dos conceitos de Ciências. Nesta linha, vários trabalhos foram realizados nestes últimos anos, porém, em um menor número, sobre aplicações tecnológicas. Muitas conquistas da Ciência e da Tecnologia que foram e estão continuamente sendo incorporadas à nossa vida cotidiana, tornam-se rotinas, sem, no entanto, constituírem objeto de estudo e pesquisa em sala de aula. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio- PCNEM, esse conhecimento científico-tecnológico é indispensável à formação da cidadania contemporânea. Portanto, o ensino de Física deve ser rediscutido para possibilitar uma melhor compreensão do mundo, o que significa promover um conhecimento contextualizado e integrado à vida de cada aluno. Isso inclui, por exemplo, identificar diferentes imagens óticas, desde fotografias a imagens de vídeo, classificando-as segundo as formas de produzi-las (...) (PCNEM, p.24). Com respeito às imagens óticas, tais como as fotografias, as radiografias, as tomografias e as ultrassonografias, estas são bastante familiares às pessoas. Esta pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, situa-se no âmbito da educação científico-tecnológica e tem por objetivo conhecer as dificuldades e /ou facilidades dos professores e alunos na interpretação de negativos de fotografias, radiografias, tomografias e ultrassonografias identificando-se, assim, os obstáculos na compreensão dos fenômenos e dos conceitos físicos envolvidos na obtenção de tais imagens. Dezesseis professores de Física e/ou que lecionam Física no ensino médio, 191 alunos do terceiro ano do ensino médio e 112 alunos do ensino superior foram convidados a responder um questionário semi-estruturado e um teste com dupla escolha (certo /errado) sobre o tema da pesquisa, a partir da apresentação dos negativos. De forma geral, os professores e alunos mostram um maior conhecimento em assuntos geralmente explorados em aulas de Física, como é o caso da fotografia. Quanto à radiografia, alguns alunos têm noções sobre o processo, pois, apesar de ser um tema pouco trabalhado no ensino médio, é citado na maioria dos livros de Física. Entretanto, tanto professores quanto alunos, na sua maioria, parecem desconhecer os processos que envolvem a tomografia e a ultrassonografia. Uma grande porcentagem dos entrevistados acredita que nas tomografias utilizam-se raios gama por terem mais energia do que os raios X. Não sabem distinguir ondas mecânicas de ondas eletromagnéticas. Muitos acreditam que se tirarmos muitas radiografias, nosso corpo pode ficar radioativo e que as radiações utilizadas na medicina são de outro tipo, diferentes das radiações emitidas pelas centrais nucleares e pelas bombas atômicas. É diferente porque a bomba é para destruir e a radiação do câncer é para tratar, diz uma aluna do ensino superior. As respostas, de maneira geral, indicam que os conhecimentos adquiridos na escola, através do ensino tradicional de Física, se manifestam insuficientes para que os estudantes possam desenvolver uma alfabetização científico-tecnológica, adequada à sociedade atual.

(1) Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/UNIMEP
(2) Professora de Física/Faculdade de Ciências Matemáticas e da Natureza/UNIMEP