A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NAS AULAS DE QUÍMICA: UM ESTUDO PRELIMINAR DE SABERES DOS PROFESSORES


Márcia Gorette Lima da Silva
marciaglsilva@hotmail.com

Isauro Beltrán Nuñez
isaurob@uol.com.br

Betânia Leite Ramalho
blramalho@hotmail.com
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação em Educação

Resumo

    O Ensino da Química no nível médio visa promover a compreensão das transformações químicas, muitas vezes intimamente relacionadas com as tecnologias de produção e a preparação para o mundo do trabalho. Diante da avalanche tecnológica na sociedade, em muitos países vêm-se introduzindo a Educação Tecnológica seja como uma nova disciplina ou articulada a outras através de diversas abordagens. Há muitos argumentos contra e a favor desta inovação. Assim, propomos que a Educação Tecnológica implique no estudo de processos químicos industriais em seus aspectos teóricos e práticos, assim como suas implicações sociais, políticas, econômicas e ambientais, questão que contribui a desenvolver nos alunos do Ensino Médio um pensamento científico e tecnológico, como parte de sua cultura geral. A Educação Tecnológica passa pelos princípios básicos das produções de produtos na indústria química como forma de vincular os estudos aos contextos para uma aprendizagem mais significativa. O foco desta pesquisa é a preparação de futuros professores de química para esse importante desafio do Ensino da Química nos marcos do movimento CTS para o século XXI. O estudo visa conhecer o pensamento dos futuros professores de química e suas crenças relativas à natureza da ciência e da tecnologia vinculados à indústria química e o grau de preparação para trabalhar a Educação Tecnológica no que se refere a saberes disciplinares dos processos químicos industriais e as implicações destas tecnologias e o conhecimento pedagógico do conteúdo, o que significa como podem ser trabalhados tais conteúdos como recurso nas aulas de química. O instrumento foi aplicado a 10 estudantes do curso de Licenciatura em Química da UFRN, no primeiro semestre de 2001. Segundo os estudantes, 60%, diferenciam a ciência da tecnologia pela aplicação, acreditam que as pesquisas científicas relacionam-se apenas com descobertas, explicações da realidade e que as pesquisas tecnológicas são aplicações das científicas. Dos participantes, 60%, não identificam quais os produtos da ciência e os da tecnologia e o restante, associa os produtos novamente a aplicação (visão utilitarista). Dentre os participantes, 60% argumentaram que os modelos teóricos pretendem descrever a realidade da forma mais exata possível. Os futuros professores, em sua maioria, não conseguem esclarecer o que os alunos do Ensino Médio devem saber sobre Ciência e Tecnologia nas aulas de Química, oscilando entre conhecer a história da Química e a vida dos cientistas e aplicação das novas tecnologias. Afirmam não saber abordar os processos químicos industrias nas aulas de química segundo o enfoque da Educação Tecnológica, visto que estas temáticas não foram abordadas no seu curso de formação, além de não saber contextualizar com a realidade dos alunos. O trabalho assinala uma reflexão na formação de professores para ultrapassar a visão limitada da tecnologia. A falsa crença de que a tecnologia não é mais do que aplicação da ciência à vida cotidiana, ignora a natureza específica do conhecimento tecnológico. Idéias deste tipo sustentam o mito de que a tecnologia vem determinada pela ciência e está subordinada a esta, o que leva também a uma deficiente compreensão do significado da inovação e do desenvolvimento. Neste sentido a agência formadora pode promover discussões que podem vir a contribuir para uma boa preparação, que passam a ter significativa importância no sentido de capacitá-los para trabalhar as possibilidades da Educação Tecnológica nas aulas de química.

GILBERT, J.K. Enseñanza de las Ciencias , v.13, n. 1, p.15-24. 1995.

ACEVEDO, J.A. Enseñaza de las Ciencias. v. 16, n. 3, p. 409-420. 1998.