ANALOGIAS COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS*



Naida Lena Pimentel[1]
Mary Angela Leivas Amorim[2]
Daniela Frigo Ferraz[3]
Lilian Leivas Pozzer[4]
Daliane Spencer Dias[5]
Leandro Londero da Silva[6]
Patricia Montanari Giraldi[7]
Eduardo Adolfo Terrazzan[8]
Núcleo de Educação em Ciências, Centro de Educação, Universidade Federal de Santa Maria
Campus Universitário Camobi, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil



Resumo

    Partindo do pressuposto de que o raciocínio analógico é próprio da cognição humana, podemos justificar sua utilização como recurso didático no ensino de ciências, tanto em textos escritos quanto no discurso dos professores em sala de aula. Neste trabalho, apresentamos os resultados obtidos até o momento no âmbito das ações realizadas junto ao projeto "Linguagem e Formação de Conceitos: Implicações para o Ensino de Ciências Naturais". Basicamente, a primeira ação consistiu na análise da utilização de analogias apresentadas em coleções didáticas, e a segunda, na estruturação e implementação de estratégias didáticas para o uso de analogias em sala de aula. O referencial adotado foi o Modelo TWA (Teaching with Analogies), proposto por Glynn (1991) e modificado por Harrison e Treagust (1994). Esse modelo propõe que se utilizem as analogias seguindo-se uma seqüência de seis passos, buscando com isso aumentar sua efetividade no ensino e também minimizar as possibilidades de formação/reforço de concepções alternativas. Relativamente à primeira ação, realizamos levantamentos em coleções didáticas destinadas ao ensino médio, nas áreas de Biologia, Física e Química, e ao fundamental, na área de Ciências, elaboramos quadros-síntese com o resultado desses levantamentos e efetuamos a análise das analogias quanto ao grau de concordância com o modelo adotado. Nessa análise, verificamos, com relação às coleções investigadas, que: a) as analogias catalogadas dificilmente seguem todos os passos do modelo TWA; b) a maioria dos autores não se preocupa com a identificação das características relevantes do análogo (terceiro passo do modelo) e nem com a de seus limites de validade, (quinto passo), que são especificados apenas em raríssimos casos. Quanto à segunda ação, realizamos implementações de analogias em sala de aula, mediante estratégias que configuramos segundo o modelo TWA, nas disciplinas de Física e Biologia. A partir de instrumentos como videogravações das aulas, diários da prática dos professores e produção escrita dos alunos, procedemos à análise individual (pelo próprio professor) e coletiva (pela equipe do projeto) dos resultados obtidos com essas implementações. Até o momento, tais resultados permitem afirmar que: 1) a caracterização do análogo é um pré-requisito indispensável, porém não suficiente para possibilitar ao aluno o estabelecimento de correspondências com o conceito/ fenômeno/modelo alvo; 2) não é recomendável tomar por certo que um conceito/fenômeno/modelo já ensinado possa assumir o papel de análogo; 3) poucos alunos conseguem identificar os limites de validade da analogia utilizada; 4) alguns alunos são capazes de gerar suas próprias analogias e de estabelecerem relações além das previstas pelo professor, entre o análogo proposto e o alvo; 5) alguns alunos buscam pensar em outra(s) analogia(s) quando a que foi proposta não lhes é suficientemente familiar; 6) as analogias têm se mostrado, em muitos casos, um recurso eficaz para promover a compreensão de conceitos/fenômenos/modelos alvo, pelos alunos. A segunda ação continua em andamento, mediante o aumento do número de implementações em aulas de Física e de Biologia e da extensão das mesmas às aulas de Química e Ciências, a ampliação do levantamento e análise de apresentações de analogias incluindo-se textos de divulgação científica, e também a realização de observações do uso espontâneo de analogias em sala de aula, pelos professores.

* Versão modificada do trabalho apresentado no III SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO REGIÃO SUL, realizado no período de 29/11 a 1º/12/2000 –FACED/UFRGS- Porto Alegre/RS; apoio parcial CAPES/CNPq/FAPERGS.
[1]  Colaboradora do NEC/CE/UFSM; Profa. de Química/UFSM, aposentada; naidalp@ce.ufsm.br
[2]  Profa. Adjunta do Centro de Educação/UFSM; maryamo@ce.ufsm.br
[3]  Aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação/Centro de Educação/UFSM; a9970032@alunop.ufsm.br
[4]  Colaboradora do NEC/CE/UFSM; licenciada em Ciências Biológicas pela UFSM; llpozzer@yahoo.com.br
[5]  Colaboradora do NEC/CE/UFSM; licenciada em Química pela UFSM.
[6]  Colaborador do NEC/CE/UFSM; aluno do Curso de Licenciatura em Física da UFSM; a9710886@alunog.ufsm.br
[7]  Bolsista PIBIC/CNPq pelo NEC/CE/UFSM; aluna do Curso de Lic. em Ciências Biológicas da UFSM; a9910189@alunog.ufsm.br
[8]  Bolsista do CNPq pelo NEC/CE/UFSM e Prof. Adjunto do Centro de Educação/UFSM; eduterra@ce.ufsm.br