Isabela Custódio Talora Bozzini
Marcia R Gomes Oliveira
Dulcimeire A. V. Zanon(2)
Resumo
Este trabalho é fruto de reflexões de um grupo de alunas da Pós-graduação e tem por objetivo apontar elementos para a discussão do processo ensino-aprendizagem. Para tanto, partimos da análise de nossa vivência na disciplina Perspectivas na Formação de Professores de Ciências.
A disciplina citada teve como objetivo analisar e discutir pesquisas passadas e recentes, realizadas no exterior e no Brasil, focalizando as relações entre professor, aluno e conhecimentos (cotidiano, escolar e científico), a partir dos referenciais teóricos de mudança conceitual e psicanálise, e suas implicações na formação do professor de ciências.
Três docentes foram os responsáveis pela disciplina, atuando conjuntamente durante as aulas. A participação simultânea dos docentes com diferentes personalidades e opiniões; a utilização de um diário reflexivo por cada um dos alunos; a seqüência dos textos planejada pelos professores; o envolvimento de um grupo heterogêneo (quanto a formação inicial e expectativas em relação ao curso) deram um caráter inovador ao curso em questão.
A leitura dos textos indicados e as dinâmicas de sala de aula, provocadas por questionamentos dos professores e alunos, causavam ansiedade devido á espera de respostas imediatas e resolução de dúvidas. Essa estratégia, caracterizando o processo ensino-aprendizagem, garantiu uma dinâmica interativa na construção do conhecimento.
Os professores propuseram aos alunos a elaboração de um diário individual para registro sistemático das reflexões sobre as discussões e textos estudados. O acompanhamento periódico desse instrumento (pelos professores) e a utilização do mesmo (pelos alunos) propiciaram a percepção do próprio desenvolvimento.
O entusiasmo e envolvimento do grupo ao final dos encontros confirmam o significado da experiência. O grupo demonstrou satisfação com a flexibilidade e o encaminhamento do curso. Esses aspectos, somados à construção de um conhecimento sujeito a insatisfações, constituíram um saber comum ao grupo: um saber da mudança — de si mesmo, de idéias e de crenças enraizadas.
Pode-se dizer que o grupo assumiu as características
de um grupo colaborativo, pois a busca pela autonomia foi uma constante
durante os trabalhos e houve contribuição de todos os integrantes.
Estes ora atuavam como mediadores, ora como inquisidores, sustentando o
interesse geral do grupo na procura do saber.
(1) Trabalho apresentado no Congresso Internacional de Enseñanza
de las Ciencias – Barcelona.
(2) Doutorandas do PPGE-UFSCar