ALGUMAS CONCEPÇÕES E AÇÕES NO CAMPO DA SAÚDE , NO CONTEXTO DA FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ - SÃO GONÇALO)*



Shirley Neves Bueno
Sonia Krapas



Resumo

    Este trabalho relata o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa a partir de um estudo preliminar realizado em 1998, e é baseado nas vivências de sala de aula, dentro da Faculdade de Formação de Professores, Curso de Pedagogia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, (FFP, UERJ - São Gonçalo), focalizando as disciplinas Fundamentos das Ciências da Natureza II (FCN II) e Metodologia de Ciências. Nesse estudo foi aplicado um questionário de sondagem sobre as concepções de saúde dos professores-alunos, termo este utilizado, tendo em vista que todos os alunos são professores das séries iniciais do ensino fundamental, sendo esta, condição indispensável para o ingresso no Curso em questão. Foram feitos, também, registros de algumas das atividades desenvolvidas em sala de aula, na forma de trabalhos escritos, fotos e até mesmo um vídeo de curta duração feito pelos próprios professores-alunos, mostrando uma pequena dramatização baseada no livro "Gente, bicho, planta: o mundo me encanta", de Ana Maria Machado. Essas diferentes atividades foram desenvolvidas a partir das ementas da disciplina.

    Quando do término da disciplina FCN II, o questionário de sondagem foi devolvido aos professores-alunos para que fizessem alterações, caso fossem necessárias, nas respostas iniciais. Comparando as respostas dos questionários de sondagem com a maior parte do material didático elaborado, pudemos constatar que os professores-alunos possuem uma criatividade surpreendente e uma capacidade incrível de transposição dos conhecimentos teóricos para a prática da sala de aula, que superaram em muito, nossas expectativas iniciais a partir dos questionários. O que nos levou a perceber que o saber-fazer dos professores-alunos também se constrói através de um processo complexo e contraditório de apropriação, que o diferencia, e muito, do trabalho fabril, puramente mecânico e sem criatividade.

    Daí nos perguntarmos porque o questionário exploratório diz tão pouco sobre os saberes desses professores-alunos, quando comparados com sua produção discente durante a disciplina. Para responder a essa questão utilizamos um instrumento mais apropriado: entrevistas com alguns desses professores-alunos. Os critérios utilizados para a escolha de 6 professores-alunos foram primeiramente, os melhores trabalhos apresentados, depois, dentre aqueles que participaram da elaboração dos melhores trabalhos, 2 de uma mesma escola da rede particular de ensino, 2 de escolas diferentes, também da rede particular e 2 da rede pública de ensino.

    A análise das entrevistas, feitas até o momento, nos leva a perceber que a prática docente reflete um complexo processo de apropriação, que envolve tanto a história de vida de cada professor-aluno, como a história de suas práticas sociais e educativas. Trata-se, na realidade, de um processo de construção, onde se reproduzem, se ratificam ou se rejeitam concepções anteriores e, individual ou coletivamente, se elaboram novas práticas.

(*) Trabalho apresentado no I EREBIO (I Encontro Regional de Ensino de Biologia - Regional 02), Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ.