Maurício Pietrocola
Departamento de Física – UFSC
pietro@fsc.ufsc.br
Resumo
Especialmente no ensino das Ciências, é muito comum a manifestação desse paradoxo nas atividades de resolução de problemas fechados. Muitas propostas que avançam soluções para esse paradoxo, têm como conseqüência a ruptura do contrato. Em lugar da ruptura, postulamos em favor da intervenção consciente do professor, a fim de provocar "perturbações" no Contrato Didático. Tais perturbações poderão ser promovidas na resolução de problemas fechados, mediante a introdução, em seus enunciados, de inovações inesperadas pelos alunos, como por exemplo, um número excedente de dados, a supressão de dados já conhecidos ou a proposição de atividades integradoras que solicitam a articulação de conhecimentos que o aluno já domina. Essas situações podem ser consideradas o motor da situação didática, porque caracterizam uma tensão positiva e intencional que leva o aluno a uma reflexão qualitativa, evitando automatismos, uma vez que nesses casos será difícil antecipar soluções já conhecidas.
Desse modo, o papel do aluno será desestabilizado com certa freqüência, o que o levará a manter-se atento e aberto a avanços sem, contudo, promover uma ruptura no Contrato Didático. Por sua vez, também o papel do professor é desestabilizado, pois novas formas necessitarão ser encontradas para que os problemas assumam esse novo perfil e garantam a não automatização das soluções. Essa iniciativa dialetiza os papéis de professor e aluno no Contrato Didático, mesmo sabendo da existência de uma assimetria inerente a esses papéis.
* Trabalho apresentado originalmente na XXIIIes Journées Internationales sur la Communication, l’Éducation et la Culture Scientifiques et Industrielles – Chamonix – França, em março 2001.