VIVÊNCIA DA PRÁTICA DE ENSINO EM ENFERMAGEM COMO PROJETO: UMA REFLEXÃO METODOLÓGICA



Márcia Regina Alves Rocha
Mestranda em Educação para as Ciências FC/UNESP-Bauru
Departamento de Enfermagem, USC-Bauru

Mara Alice Fernandes de Abreu
Programa de Pós-Graduação em Educação para as Ciências
Departamento de Ciências Biológicas FC/UNESP- Bauru



Resumo

    A nova lei de Diretrizes e Bases da Educação coloca a escola como responsável em formar pessoas críticas, preparadas para o trabalho e conscientes de seu papel como cidadão. Para os Parâmetros Curriculares Nacionais, a escola deve desenvolver a educação sexual, levando em conta os aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos da sexualidade humana. Dada a intensidade de ocorrência das DSTs/AIDS na adolescência e, ausência de projetos específicos na educação para a prevenção, surgem como temas a serem abordados, a gravidez precoce, o aborto, além das DSTs/AIDS. No entanto, embora em parte, estes temas sejam conhecidos pelos professores, não é explorada a adequação das estratégias de desenvolvimento dos assuntos às faixas etárias e interesses dos alunos sem faltar com a ética e utilizando de forma interdisciplinar e integradora o conhecimento dos professores. Assim, objetivando avaliar o interesse e envolvimento dos alunos, professores e licenciandas durante o desenvolvimento do tema, propôs-se a montagem de um projeto da disciplina de Prática de Ensino, para despertar o interesse dos adolescentes na prevenção dessas doenças e integrar as licenciandas de enfermagem à vivência da prática pedagógica. Após aplicado questionário e avaliado o conhecimento dos adolescentes sobre o assunto, as licenciandas planejaram a execução do projeto, a partir da idéias prévias dos alunos. Foram utilizadas, estratégias de ensino diversificadas, tais como: simulações do cotidiano do aluno, definidas como " situações problemas", a partir da qual deveriam ser propostas soluções; projeção de vídeos informativos seguida de plenária de debate; discussões de temas selecionados a partir das solicitações dos alunos, confecção de cartazes pelos próprios alunos, além da dinâmica em grupo, sempre com retrospectiva precedendo a introdução de um novo assunto. Como recursos didáticos foram utilizados encartes da Secretaria da Saúde, material prático de demonstração, panfletos e também de recursos audio-visuais. Todas essas atividades totalizaram 150 horas e foram realizadas durante o período letivo, com alunos do 1.º, 2.ºe 3.º anos do ensino médio estadual, em uma aula por semana, durante o horário, das disciplinas de língua portuguesa, inglês, história e matemática, com a participação dos respectivos professores, coordenação pelas licenciandas e supervisão pela professora de Prática de ensino, objetivando através dessa convivência estimular a condução dos temas de forma integradora e interdisciplinar. A avaliação incluiu, dramatização, jogral, música, dança, confecção de cartazes, além de questionário, oferecido aos professores e alunos como avaliação final. Foi observada a relação de duas licenciandas para uma mesma classe, durante todo o período de intervenção com a intenção de que fossem estabelecidos vínculos entre os participantes. Na avaliação sobre a vivência desse projeto, as licenciandas ressaltaram o interesse e a curiosidade dos adolescentes em aprender, aliados à assiduidade e ao tipo de atividades propostas e ainda, ao incentivo dos professores. Referiram-se ao projeto como gratificante, pela confiança e a amizade desenvolvidas entre elas e os adolescentes; o companheirismo, a solidariedade e a integração do grupo e por permitir maior contato com o ambiente escolar e a troca de experiência entre elas e os adolescentes, pois esse convívio aproximou-as mais da realidade do aluno, facilitando a abordagem do tema. Os professores envolvidos no experimento, apresentam-se na maioria, com mais de 31 anos de idade, tempo de magistério na rede pública superior a 6 anos , variando entre 1 a 10 anos o tempo na escola e referem conhecimento pleno ou relativo sobre DSTs/AIDS, embora somente parte desses professores abordou em sala de aula, este assunto na escola estudada ou em outra. A docente de Prática de ensino referiu que esta disciplina como projeto possibilitou uma vivência mais expressiva entre licenciandas e escola, propiciando a formação de vínculo entre estas e os alunos do ensino médio, os quais passaram a interagir e participar mais ativamente das aulas. Tal integração foi também demonstrada entre as licenciandas e a referida docente quando da busca de melhores resultados para o aprendizado.