O QUE HÁ DO OUTRO LADO DO MURO? UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR EM UM CURSO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Sirlei Sebastiana Polidoro Campos[1]


Resumo

    O objetivo deste trabalho foi discutir uma atividade realizada próxima ao ambiente de estudo, visando a abrangência de conteúdos interdisciplinares e estimulando o ensino e aprendizagem dos alunos. Esta atividade foi realizada no quarteirão da sede do 2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária de Bauru (SP), local onde se desenvolveu o Curso de Educação Ambiental, para alunos da Associação Bauruense de Assistência "Polícia Mirim Rodoviária", o qual fundamentou-se em desenvolver uma proposta de trabalho priorizando o desenvolvimento de atividades extra - classe. A atividade realizada no quarteirão evitou alguns transtornos que normalmente são empecilhos àquelas que necessitam principalmente de transporte. Para sua realização os alunos foram divididos em grupos e com temas para pesquisarem. Os resultados apresentados demonstraram real interesse, pois os alunos investigaram temas locais até então despercebidos, os quais motivaram a ampliarem seu conhecimento através de pesquisas complementares, proporcionando momentos de reflexão e discussão. Outro fato relevante foi que esta atividade pôde apresentar sugestões visando uma abordagem interdisciplinar.
Palavras-chaves: educação, interdisciplinaridade, atividades extra-classe.


Abstract

    The aim of this study was to discuss an activity developed around the enviroment were the classes took place, seeking to enlarge the interdisciplinary contents and stimulate learning process. The activity was developed on the bock around "2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária de Bauru (SP)", during the accomplishment of a course about Enviroment Education, with students of Associação Bauruense de Assistência "Polícia Mirim Rodoviária", wich was based on priorizing extra class activities. Choosing the block nearby , has been an alternative to other places that would require transportation. The students were separeted into groups and themes for research. The results has shown interest in local problems, bringing about and enlarging students knowledge though complementary research, providing reflection and discussion. Also, the activity was able to present sugestions about interdisciplinary approach.
Keywords: education, interdisciplinarity , extra class activities.
 

Introdução

    A história nos mostra que a educação no Brasil tem passado por grandes transformações, em parte, tendo como cenário a globalização da economia intervindo nos processos sociais e, por outro lado, pela dinâmica interna das políticas públicas voltadas para o tema.

    A demanda pelo ensino cresce a uma velocidade maior do que a oferta, cuja responsabilidade institucional não atende satisfatoriamente, principalmente no ensino público gratuito, obrigatório e intransferível do Estado[2], este fato se observa, sobretudo em países que, como o Brasil, com grandes focos de pobreza e com instituições sociais e políticas ineficientes o que contribuem para desestabilizar ainda mais um sistema frágil.

    Na verdade, existe um grande esforço para levar as crianças e jovens à escola, mas, por vários fatores, que passam principalmente pela falta de recursos e/ou por falta de projetos educacionais integradores, abrangentes e desafiadores; o resultado, normalmente nos apresenta grandes números quantitativos, mas com qualidade visivelmente precária (Vogt, 2001).

    Outro problema observado no desenvolvimento do sistema de ensino escolar é quando não se prioriza o essencial, em comemorações extra curriculares e projetos advindos de um sistema hierárquico superior aos "mandos" escolares. Estes eventos desprendem tempo e energia dos alunos, professores e corpo administrativo, em substituição ao do que deveria ser primordial: os conteúdos.
 
    O planejamento de ensino tem sido, na atual prática pedagógica um procedimento desgastado, desvinculado da realidade do processo escolar, determinado autoritariamente de cima para baixo, resultando em ineficácia e em esvaziamento e desvio de objetivo (Guimarães, 1995).

    A principal função da escola é ensinar e esse desafio está presente no que tange o desenvolvimento cognitivo e comportamental de seus alunos, pois ensinar com significado é possibilitar o elo de conhecimentos científicos com a prática cotidiana, de forma que seus alunos possam entender todo corpo de conhecimento e sua aplicabilidade. Essa interação deve se fazer com certas recomendações, conforme alerta Saviani (1992) pois "a abordagem dos conteúdos, através da prática social, com enfoque na cultura popular, deve atingir seus pressupostos que é o conhecimento elaborado, sistematizado". Complementa ainda que "essa é a responsabilidade que a escola tem!".

    Não há como mimetizar o Primeiro Mundo, mostrando estatísticas quantitativas e "maquiando" nossa realidade através de práticas incoerentes com o nosso sistema escolar. Há de se promover o equilíbrio entre os "destemperos" governamentais e a incorporação de práticas inovadoras, pois muita "coisa" está sendo ensinada, e que, normalmente são realizadas, sem análise de real interesse e fundamentação para o desenvolvimento dos futuros cidadãos.

    Neste contexto, Saviani (1992) enfatiza que é na escola, o local ideal para transmissão[3] do conhecimento sistematizado, elaborado historicamente, o qual resistiu ao tempo e que é propriedade humana. É papel da escola possibilitar o acesso ao mundo do saber, às gerações, pois permite a compreensão, a leitura do mundo e da sociedade (Vale, 1994).

    Segundo Brandão (1995, p.7), "ninguém escapa da educação" e ela acontece, mesmo que informalmente; na família, na igreja, no sindicato, no partido e nos grupos de convivência. Entretanto é a educação escolar que cumpre a função que nenhuma outra instituição consegue satisfatoriamente: "transmitir o conhecimento sistemático, universal e se for competente, nesse cumprimento, terá garantido às classes populares, o instrumento necessário para o pleno exercício de cidadania" (Mello, 1992).

    O conteúdo escolar é a apreensão do conhecimento de uma realidade, porém se o professor ater-se apenas na transmissão do conteúdo pelo conteúdo, não relacionando-o à realidade, estará descontextualizando esse conhecimento, afastando-o da realidade concreta, perdendo seu significado e alienando a comunidade estudantil de qualquer reflexão. Nesse desenvolvimento, minimiza o conhecimento como um instrumento para uma prática criativa. Lopes (1991, p.44), complementa a idéia de que os conteúdos escolares precisam ser conduzidos de forma que "ao mesmo tempo em que ocorra a transmissão de conhecimentos, proceda-se a sua reelaboração com vistas à produção de novos conhecimentos". Saviani (1992) ressalta que o conteúdo não deve estar separado de sua forma, ele deve estar inserido dentro de uma prática social.

    Para que seus objetivos sejam contemplados, a escola precisa reelaborar o seu método de ensinar, reavaliando junto com seu corpo docente o planejamento de atividades, considerando todos os conteúdos, das diferentes áreas de conhecimento como ponto de partida. Estas ações poderão permitir a produção de novos conhecimentos, no sentido de promover as transformações desejadas.

    Atualmente o contexto escolar encontra dificuldades para realizar uma proposta inovadora, principalmente no que se refere a sua estrutura curricular, dividido em disciplinas; professores sobrecarregados, classes superlotadas, falta de instalações adequadas, alunos mal alimentados e cansados (Krasilchick, 1986). Guimarães (1995, p.58) comenta que "existe uma cultura de isolamento entre as diferentes áreas de conhecimento, além da desmotivação do professorado (...) e outras difíceis situações do seu dia a dia".

    Outro entrave para a abrangência do conhecimento são os livros didáticos, adotados por instituições escolares e utilizados por alguns professores, que em sua maioria traduzem implicitamente ou explicitamente a visão cartesiana, na forma de apresentação de seu conteúdo, além de reforçar os padrões culturais advindos do antropocentrismo (Grün, 1996).

    A interdisciplinaridade está sendo considerada, como uma abordagem, capaz de conectar as áreas de conhecimento e possibilitar a abordagem conjunta, permitindo uma relação epistemológica entre as disciplinas. Desta forma, o conhecimento não será abordado de forma fragmentada, mas possibilitará a coesão de idéias, a reflexão e consequentemente a visão de conjunto. Machado (2000, p.116) comenta que cada vez torna-se "mais difícil o enquadramento de fenômenos que ocorrem fora da escola no âmbito de uma única disciplina".

    Segundo Reigota (1998) o método interdisciplinar é compreendido e aplicado de diversas formas, quando professores de diferentes disciplinas realizam atividades comuns, sobre um mesmo tema, possibilitando, dessa maneira diferentes interpretações sobre o mesmo assunto, com as contribuições específicas de cada disciplina.

    Normalmente as atividades escolares são realizadas no contexto de sala de aula e com enfoque em uma única disciplina. Para superar esse paradigma e realizá-las em conjunto, será necessário primeiramente, o exercício de planejá-las em conjunto, visando abranger todos os envolvidos, desde o corpo docente, discente até o administrativo.

    Capeletto (1992), faz sugestões de várias atividades, objetivando tornar o ensino atraente e possibilitando o interesse dos alunos, como a introdução de textos, artigos, recortes de revistas e jornais com assuntos diversificados; notícias veiculadas pela mídia; uso de recursos audio-visuais, laboratórios, montagem de aquários e instalação de horta, nas escolas com espaço físico compatível etc. Faz ressalva quanto ao uso dos recursos audio-visuais, pois devem ser utilizados como auxílio às aulas, permitindo o enriquecimento do conteúdo e não como substituição aos mesmos, sem interligar e sem possibilitar a sua reflexão.

    Saindo do contexto de sala de aula, as atividades sugeridas por Capeletto (1992), são as atividades extra-classe, pois comenta que não acredita que apenas as aulas teóricas sejam capazes de permitir um conhecimento integrador e afirma que "o aprendizado perde a graça e o interesse, pois a maior parte das informações recebidas na sala de aula não têm relação direta com o dia a dia do aluno, e é quase inevitável que surja a pergunta: "por que é que eu tenho que aprender isso?" (p.10)

    Dentre as atividades mencionadas por Capeletto (1992), como extra - sala de aula, estão as visitas a campo, como o jardim zoológico, jardim botânico, museu de história natural, planetário, os diversos ecossistemas naturais, além das praças e parque que compõem o ambiente urbano. Porém, as vista de campo apresentam algumas dificuldades de serem realizadas, como sugerem Chapani & Cavassan (1997) ao elencarem as situações de classes numerosas, classes do período noturno, dificuldades de transporte, pouco tempo disponível para a realização da atividade dentro do cronograma , dispersão dos alunos etc. Mas, não só as atividades longe do contexto escolar podem ser referência a um enfoque abrangente, desafiador e interessante.

    Portanto, qual ou quais atividades poderiam ser realizadas de forma a minimizar as dificuldades apresentadas, contemplar a conexão das disciplinas e possibilitar o interesse dos alunos?

    Campos (1999) nos faz refletir sobre as várias atividades realizadas intra e extra - sala de aula, em um Curso de Educação Ambiental com alunos da Associação Bauruense de Assistência "Polícia Mirim Rodoviária", em 1998. Este curso fundamentou-se em desenvolver uma proposta de trabalho, com carga horária de 75 horas para cada turma, durante o período letivo, no qual priorizou o desenvolvimento das atividades extra - sala de aula, com visitas a diversos locais de interesse ecológico, tanto os ambientes preservados como os modificados pela ação antrópica.

    Assim, o objetivo deste trabalho é verificar a possibilidade de interligar os conteúdos das diferentes disciplinas escolares, através de uma atividade realizada no entorno da sede do 2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária, local onde foi realizado o Curso de Educação Ambiental, visando abarcar os pressupostos apresentados como dificultosos.


Metodologia
 
    O trabalho foi desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Bauru – SEMMA e a Associação Bauruense de Assistência, que ficou responsável pelo desenvolvimento do Programa: "Polícia Mirim Rodoviária", atendendo crianças e adolescentes, todos estudantes de escolas públicas e particulares da cidade Bauru, com faixa etária compreendida entre 8 e 12 anos, cujo pré requisito era estar matriculado e freqüentando o ensino fundamental.

    Os alunos participantes do Curso foram separados em turmas matutina e vespertina, evitando o horário escolar formal. O Curso iniciou-se com cinqüenta e sete alunos e terminou com trinta e oito; pois vários foram os fatores que contribuíram para as desistências, dentre eles os sócio-econômicos e os relacionados com a falta de saúde no ambiente familiar.

    O Curso foi elaborado prevendo três horas diárias para cada turma (matutina e vespertina), totalizando cento e cinqüenta horas, com freqüência semanal, às terças e quintas-feiras. O conteúdo programático e as atividades realizadas foram ministrados igualmente nas duas turmas.

    A programação do Curso foi desenvolvida em diversos locais, sendo priorizado os ambientes externos à sala de aula, como: o espaço interno da sede do 2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária, o quarteirão e as excursões a alguns locais de Bauru e região, onde se desenvolveram atividades de preservação, manutenção e tratamento de resíduos.

    O espaço físico de sala de aula, foi usado quando o tempo não permitiu atividades externas e para essas aulas foram utilizados diversos recursos pedagógicos como: retroprojetor de transparência, televisão, vídeo cassete e quadro negro.

    Dentre as várias atividades realizadas no Curso, abordaremos especificamente, a denominada "Diagnóstico Ambiental do Quarteirão" que, para ser realizada, necessitou de alguns pré-requisitos, conforme sugerido por Capeletto (1992), quanto a:

a) preparação dos alunos à atividade externa, com relação ao conteúdo e aos cuidados de estarem percorrendo um ambiente urbano, junto com outras pessoas;

b) divisão em grupos de trabalho;

c) sorteio ou distribuição de temas ou assuntos relacionados ao interesse da pesquisa;

d) organização do materiais de apoio;

e) orientação referente a conveniência ou não de coletar material, principalmente pelo perigo de se machucarem etc.

    A partir destas sugestões, os alunos foram divididos em cinco grupos e delimitamos cinco temas para o estudo, através de sorteio: 1) fauna urbana, 2) arborização, 3) resíduos sólidos urbanos (presença e tipos), 4) poluição visual e 5) poluição sonora.

    Depois da atividade realizada, os alunos compilaram os dados anotados durante a visita, complementaram através de pesquisas e posteriormente apresentaram o resultado dos trabalhos por escrito e oralmente. Esta metodologia possibilitou debate sobre os resultados encontrados e a reflexão sobre as observações consideradas por eles.

     
Resultados e discussão

    Para efeito deste trabalho, os resultados apresentados pelas duas turmas (matutina e vespertina) foram agrupados, conforme tema pesquisado e a partir da análise dos relatórios, os temas relacionados à fauna e aos resíduos sólidos urbanos, foram possíveis de serem apresentados em forma de Tabelas. Os demais temas (arborização, poluição visual e sonora) foram discutidos, destacando-se frases do relatório e expressões orais da apresentação e do debate.
 

3.1 - Apresentação dos temas pesquisados:

    No ambiente urbano, a presença de vários tipos de animais que podem conviver harmoniosamente ou não com os seres humanos e, ao contrário do que parece, conforme relata Dias (1994) "existem muitos animais (....) em nossas casas, na escola, nas ruas e jardins" (p.11).

    O tema fauna urbana possibilitou discutir a presença não só dos animais de grande porte, mas os de pequeno porte também, pois, normalmente são despercebidos pela maioria das pessoas. Os resultados estão presentes na Tabela 1.

Tabela 1 - Quantidade de animais observados pelos alunos no entorno da sede do 2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária

Tipos de animais
Quantidade (unidade)
Cavalo

Cachorro

Gato

Pássaros

Coruja

Formigas

03

12

07

09

03

(não foi quantificado)

    A presença, principalmente dos animais de grande porte apresentados na Tabela 1 reforçou a idéia da observação facilitada pelo tamanho (ou porte) dos animais, pois a micro fauna, representada pelas formigas foi apenas mencionada sem ser quantificada, conforme relato dos alunos: difícil contar as formigas, pois são muito pequenas e parecidas, perdi a conta, são muitas! etc.

    Essa abordagem referente a fauna urbana remeteu comentários e discussões a respeito das diferentes formas de vida existentes, a sobrevivência na cadeia alimentar, a "migração" de certos animais à procura de abrigo, alimentos, a interferência humana nos diferentes ambientes naturais, alterando o ecossistema, além de possibilitar a discussão sobre as doenças transmitidas aos seres humanos pelos animais (zoonoses). Este tópico desmembrou-se para outros assuntos relacionados aos hábitos de higiene que as pessoas devem ter ao cuidar dos animais, quanto a importância da vacinação anti-rábica, principalmente após os alunos presenciaram alguns cachorros soltos na rua e associaram ao perigo do ataque e de mordedura.

    Outros animais, como ratos, baratas, moscas, mosquitos também foram lembrados no debate, sem serem apresentados na Tabela 1, pois não foram visíveis, durante a pesquisa no quarteirão, mas foram de grande relevância para a discussão, propiciando reforço de conhecimento quanto às campanhas de combate ao mosquito da dengue, além de fomentar a reflexão para o desequilíbrio ambiental e à sujeira espalhada pela cidade.

    As campanhas veiculadas pelos meios de comunicação de massa e as informações que permeiam o dia a dia colaboram na difusão dos problemas ambientais, podendo influenciar o relacionamento do ser humano para com o meio ambiente (Dias, 1993, Ramos, 1996). Porém, por muitas vezes essas informações estão desvinculadas de uma visão crítica da realidade. Franco (1993), corrobora com essa idéia quando cita que

as questões ambientais (poluição, desperdício, consumismo, destruição da natureza, degradação do ser humano, fome e miséria) são vistas, no nível do senso comum, ampliadas pelos meios de comunicação de massa, como questões pontuais, isoladas, retiradas da totalidade social que as engendra e da qual fazem parte (p.12-13).
 
    Portanto, a reflexão sobre os diversos tipos de animais presentes na região urbana estudada ampliou o rol de discussões sobre todas as vertentes envolvidas na pesquisa: quanto ao porte do animal, a quantidade observada, se estavam protegidos em residências ou soltos nas ruas etc. Para explicar o número reduzido de pássaros, os alunos apresentaram duas possibilidades: primeiro o horário, justificando que os outros pássaros estavam descansando pelo forte calor (sic) por ser entre os horários de 10h30min e 15h30min, e o segundo motivo estava relacionado à quantidade de árvores presente nas proximidades do quarteirão.

    Ao se referirem sobre a quantidade de árvores presentes no quarteirão, os alunos que se dedicaram ao tema arborização, ficaram espantados por terem presenciado apenas oito exemplares. Dentre as considerações relatadas, destacamos os seguintes comentários: árvores de pequeno e médio porte (altura aproximada de 3 a 5m), todas com líquens, nenhuma com grade de proteção, troncos riscados, galhos quebrados e jogados na calçada . Segundo Dias (1994, p.13), "as plantas existem na terra há mais de 450 milhões de anos. Acredita-se que existam cerca de 250 mil espécies de plantas espalhadas pelo mundo. Muitas delas convivem conosco nas cidades".

    A arborização urbana no Brasil é uma prática relativamente nova em comparação aos países europeus e podem promover efeitos positivos sobre o "lado físico e mental do homem, atenuando o sentimento de opressão frente às grandes edificações" (Guia....1995). Além deste aspecto, as árvores contribuem com a diminuição dos ruídos, filtram o ar, influenciam no balanço hídrico, atenuam a temperatura e luminosidade, amortizam o impacto das chuvas, além de servirem de abrigo à fauna (Dias, 1994; Guia....1995).

    A presença de líquens, encontrado nas árvores e citado pelos alunos, pode demonstrar que a qualidade do ar, naquela região era boa, pois são considerados por Dias (1994) como "sinalizadores da natureza" ou "bioindicadores de qualidade ambiental". Afirma, inclusive, que os líquens só vivem em lugares de ótima qualidade do ar e desaparecem em locais poluídos.

    Com relação aos comentários dos alunos sobre a de ausência de grade de proteção, galhos quebrados e depositados na calçada, pode-se conciliar a reflexão e a discussão sobre os benefícios que a arborização traz aos seres humanos e as orientações para se plantar as espécies adequadas nos lugares certos, conforme recomenda o Guia...(1995).

    O despertar para os benefícios da arborização agregados às orientações gerais da espécie correta e o modo de plantá-la, foi outro momento de grande interesse. Isto mobilizou alguns alunos a pesquisarem sobre viveiros de mudas e descobrirem os viveiros municipais que fornecem espécies arbóreas à população com as devidas orientações.

    Outro tema que favoreceu grandes relatos, até então despercebidos, foi relacionado à quantidade e aos diferentes tipos de resíduos sólidos urbanos encontrados no quarteirão. Os resultados estão apresentados na Tabela 2.
 

Tabela 2 - Relação da quantidade dos diferentes tipos de resíduos sólidos urbanos encontrados no quarteirão da sede do 2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária.

 

Resíduos sólidos urbanos

Quantidades (%)
Papel de bala

Papel de chicletes

Pedaços de papéis (brancos, jornais e revistas)

Toco de cigarro

Embalagens de salgadinhos (chips)

Maço de cigarro

Embalagens plásticas (garrafas)

Embalagens de alumínio (latas)

Embalagens de preservativo

Pedaços de madeiras

Outros

45,7

16,4

10,3

9,5

4,3

3,4

2,6

1,7

0,9

0,9

4,3

    Normalmente, as pessoas percorrem o mesmo trajeto, quase que diariamente, de modo apressado ou desatento, sem perceber detalhes que nunca havia notado (Capeletto, 1992). Esse enfoque foi observado pelos alunos do tema resíduos sólidos urbanos, devido a quantidade de lixo relacionados, por eles e que até o presente momento era despercebido, pela maioria.

    Após a apresentação do tema os alunos sugeriram situações e possíveis responsáveis pelo lixo estar jogado na rua, através de expressões verbais, assim transcritas: a prefeitura não recolhe, ...aqui passa muita gente, ...tem muita loja, bar e padaria. Não tem lata para colocar o lixo na rua,.....são as crianças da escola que jogam! (sic).

    Discutir sobre toda problemática que envolve a questão do lixo foi notória, pois é um tema abrangente em todos canais de informação: mídia, escola, família, clubes e outros grupos de convivência, principalmente por ser considerado como um dos maiores poluentes ambientais, no que se refere aos impactos causados e por aparecer como uma das agressões mais evidentes na cidade (Berrios, 1996). É um tipo de poluição ambiental, evidenciado não só pela ausência de estética da cidade, mas por propiciar abrigo aos vetores de doenças, além de contribuir para o entupimento de canalizações, poluição de rios etc. Segundo Branco (1998, p.78) a definição mais apropriada para o termo poluição é "a colocação de energia e matéria no lugar errado".

    A disposição inadequada do lixo acarreta conseqüências nefastas ao meio ambiente, pois o ser humano ao introduzir os materiais descartáveis em sua vida, não só passou a depender, mas também perdeu a noção de como era a vida sem eles. Estamos vivendo a era dos descartáveis, onde os produtos são utilizados uma única vez e jogados fora (Rodrigues & Cavinatto, 1997). Seguindo essa idéia, o descarte final destes produtos, dispostos em qualquer lugar, além de perder a reciclabilidade, são desperdiçados sem nenhuma utilidade, aumentando e incrementando os depósitos de lixo.

    Estima-se que 30 milhões de toneladas de lixo são geradas por ano, pelos 6 bilhões de habitantes, mas em poucos municípios há tratamento e destino correto do mesmo (D'Almeida & Vilhena, 2000). A composição do lixo domiciliar é aproximadamente 65% de matéria orgânica, 32% de material inorgânico (recicláveis) e 03% de rejeitos, mas pode variar de localidade e per capta.

    Rodrigues & Cavinatto (1997) relatam que desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, a produção de alguns objetos de consumo era feita em pequena escala e a partir da Revolução Industrial, as fábricas e as indústrias passaram a produzir em larga escala, introduzindo no mercado novos produtos de consumo. Em conseqüência disto, houve uma maior degradação dos recursos naturais, além do aumento da produção de lixo. Porém, essa demanda gerou diversos tipos de produtos, que em sua maioria, são descartáveis e, na visão de Branco (1998, p.39), é o homem enveredando-se "cada vez mais pelo caminho do desperdício intencional, com a introdução dos bens descartáveis, que constituem moda hoje em dia".

    A discussão em torno do assunto sobre o lixo propiciou o intercâmbio com as demais formas de poluição ambiental: visual e sonora. Com referência à poluição visual, o grupo que ficou responsável por este tema, elencou os vários tipos de poluição visual encontrados não só no quarteirão, mas também em outras localidades pesquisadas por eles. Neste trabalho vamos apresentar as citações visualizadas no quarteirão: placas de propagandas do supermercado, amarradas em postes; faixas de tecidos, amarradas na janela da casa e na árvore; muros pichados; pedaços de calçadas destruídas; uma certa quantidade de areia e pedra na calçada, da casa em reforma....(sic).

    Para desenvolver esse tema os alunos pesquisaram sobre a legislação municipal no que se refere as autorizações concedidas aos munícipes para colocação de propagandas em locais públicos e também as normas para corte e substituição de espécies arbóreas.

    Considerando principalmente a faixa de idade dos alunos, um assunto que possibilitou a chamada para a prática de uma cidadania responsável, foi com relação ao ato de pichar muros. Aprender a ser cidadão é uma tarefa complexa, segundo Rodrigues (1996) e por ser um comportamento atitudinal, deve ser trabalhado em todos ambientes de educação, seja formal ou informal.

    Nos debates, os alunos passaram a perceber que apenas conhecimento cognitivo sobre a poluição ambiental, não resolveria seus questionamentos, mas entenderam que a mudança de postura frente algumas situações poderia contribuir, conforme observou um integrante do grupo responsável pelo tema poluição sonora, ao ser anotado uma situação deste tipo de poluição, em uma residência: o som de rádio estava alto, que dava prá ouvir de longe! (sic). Esta constatação possibilitou ampliar o rol de discussões sobre as doenças causadas pelo excesso teor de ruídos.

    Sariego (1994, p.132) destaca que "além se sermos produtores de lixo por natureza, também somos barulhentos e amantes do barulho". Dias (1993, p.47) reforça essa idéia quando cita que "estudos demonstram que o homem urbano, a cada dia, perde um pouco da sua audição pelo excesso de ruídos".

    Os alunos que desenvolveram esse tema também relataram outros ruídos anotados durante o trajeto: buzinas de carros, barulho do motor dos veículos em geral, som de alto falante (venda de botijões de gás), gritaria de crianças no pátio da escola e latidos. Estas situações elencadas pelos alunos contribuem para a ocorrência do estresse, que é responsável pelo "desgate físico, psicológico e emocional (...) afeta profundamente o comportamento humano, levando à deteriorização da personalidade..." (Sariego, 1994, p.132).

    A interação dos diversos tipos de poluição, visualizadas e audíveis, no quarteirão estudado, propiciaram uma conclusão de que o problema é fundamentalmente educacional. A ampliação de consciência do educando é meio para que ocorra a transformação do modo de vida, em busca de um equilíbrio local e global (Guimarães, 1995).
 

3.2 - Apresentação de possíveis abordagens interdisciplinares com relação a atividade apresentada

    Considerando que a abordagem interdisciplinar objetiva superar a fragmentação do conhecimento, formado em conteúdos disciplinares, a proposta apresentada na Tabela 3 visa interligar a atividade desenvolvida, aproveitando os temas pesquisados.

Tabela 3 - Considerando a atividade realizada no entorno da sede do 2º Batalhão da Polícia Militar Rodoviária, algumas sugestões visando a abordagem interdisciplinar, utilizando os temas pesquisados.

CONTEÚDOS





DISCIPLINAS

 
 

SUGESTÕES

MATEMÁTICA

/  medidas e formas geométricas (quarteirão), estatística, porcentagem e proporção (fauna, arborização, resíduos sólidos urbanos)
CIÊNCIAS /  espécies ameaçadas de extinção, tráfico de animais, cadeia e teia alimentar, espécies nativas e exóticas, recursos naturais renováveis e não renováveis, fontes de poluição, zoonoses, coleta e destino final de lixo etc.
PORTUGUÊS /  produção de textos, interpretação de músicas com enfoque ecológico; entrevista com moradores, leitura e pesquisa de artigos veiculados na mídia
GEOGRAFIA / conceito de espaço e suas interações como resultado do binômio sociedade/meio, solo, acidentes físicos, clima, vegetação, relação entre o meio natural e o urbano, meios de produção, distribuição geográfica de espécies etc.
HISTÓRIA /  história da cidade (urbanização, primeiros habitantes etc), proteção ao patrimônio histórico, industrialização etc.
INGLÊS / ampliação do vocabulário, tradução e versão dos textos produzidos em Português.
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA /  montagem de maquete, peças teatrais, elaboração de histórias em quadrinhos com temas afins, charges, painéis, pintura em telas etc.
EDUCAÇÃO FÍSICA / caminhadas, montagem de jogos ecológicos, visitas nas residências com orientações referente a arborização, aos resíduos sólidos urbanos etc.

    Estas são apenas algumas sugestões que podem contribuir para o tratamento interdisciplinar, onde todas disciplinas poderão utilizar-se da atividade realizada no quarteirão. A participação de outras disciplinas, que eventualmente venham a ser ministradas, também poderão oferecer valiosa contribuição.

    A viabilização de atividades integradoras, com objetivos de promoverem a real transformação no âmbito do conhecimento, requer a integração e o engajamento de todo corpo docente, discente, direção e serviço administrativo, pois, sem esse enfoque, as propostas poderão sofrer desvio de objetivo, fragmentação, dispersão e desinteresse geral. A ação interdisciplinar é um dos pilares de sustentação para realização de projetos pedagógicos, exigindo interesse e mudança de paradigma, para que a escola possa atingir seus objetivos. Gonçalves (1990) apud Guimarães (1995, p.27) faz essa leitura e reforça que a escola para cumprir seu papel precisa "extrapolar seus muros, permitindo a participação de todos (....) ressaltar a visão crítica e criativa da escola, possibilitar a participação interdisciplinar e multiprofissional....."

    Capeletto (1992) comenta sobre a vivência que todo professor experimenta ao sair com seus alunos para uma visita ou excursão.....referindo-se principalmente aos interesses despertados, aos resultados didáticos e educacionais atingidos, sendo superiores a todo o trabalho e tempo investidos na preparação da atividade, além da sociabilização dos alunos. Outro fato relevante é o resultado da aprendizagem que dificilmente cai no esquecimento, quando há contato pessoal com o objeto de estudo (Koff, 1995).

    Despertar nos alunos o "sentido da maravilha", segundo Tanner (1978) é possibilitar o conhecimento e a reflexão sobre o espaço em que vivem.....de forma a amar e preservar, pois aquele gosta, protege e o que não gosta, destrói (Machado, 1982). Estudar o quarteirão escolar é um exemplo de ambiente próximo a realidade dos alunos, facilitando a intervenção.

    O sistema escolar não poderá continuar à margem dos problemas sociais, ambientais, econômicos e éticos da comunidade. Será necessário uma visão abrangente de todos os componentes, visando articulação para resolução dos problemas. A escola terá êxito se o ensino não continuar "confinado ao espaço da sala de aula, nem sequer de escola" (Cachapuz, 2000, p.53), portanto mobilizar todas as áreas de conhecimento será um desafio necessário e urgente.

    A partir da sugestão apresentada na Tabela 3, os assuntos que permeiam os conteúdos disciplinares poderão promover uma visão integradora e permitir que os alunos possam refletir e discutir sobre sua práxis. Estará saindo de uma visão sincrética (caótica) da totalidade da realidade vivenciada, para uma visão sintética (totalidade elaborada) pela mediação da análise. Esse método que tanto pode servir ao processo científico quanto ao processo de ensino, está respaldado na concepção dialética, segundo Saviani (1986).

    O sistema escolar deverá canalizar esforços, viabilizar novos empreendimentos e metodologias pedagógicas integradoras, na qual os alunos possam se envolver e desenvolver habilidades, de forma a participarem da vida escolar e comunitária.

    Assim, verifica-se que os resultados apresentados pelos alunos nos relatórios, o interesse em complementarem a pesquisa e as expressões ocorridas nos debates, demonstraram interesse pela atividade realizada. Outro elemento facilitador da aprendizagem foi a possibilidade de estarem "pesquisando" sobre assuntos presentes no próprio contexto escolar, além da possibilidade de agrupar todas disciplinas para discutir interdisciplinarmente todos os assuntos pertinentes à atividade.
 

Referências

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[1] Mestranda da Faculdade de Ciências, UNESP - Câmpus de Bauru (SP) - sspc@bol.com.br
[2] Na visão de Saviani a educação é responsabilidade do Estado. Este por ser uma nação política e organizada, dever ser responsável pelo ensino público gratuito em todos os níveis, pois a população paga, através de seus impostos e que se esses recursos financeiros forem bem administrados, devem possibilitar o salto qualitativo da escola pública (Vale, 1994)
[3] Atualmente a "transmissão de conhecimento" é referência para o termo "construção do conhecimento" e neste trabalho não vamos discutir a respeito do construtivismo.