Mara Sílvia Cesário da Mota
Rosália Maria Ribeiro de Aragão
Resumo
Neste estudo, "eu vou contar o que me fez falta",
especialmente considerando o que eu aprendi a denominar de dificuldades
de elaboração do meu ‘pensamento teórico’.
Busco redimensionar a relação, considerada fundamental
- professor-aluno-conhecimento - no contexto do ensino de Química.
Relato e analiso o que falta a professores de Química
especialmente em termos cognitivos, no âmbito de seu trabalho
docente. No curso da investigação e da narração,
mantenho como contraponto, ou como ‘fio condutor’ da minha narrativa,
a minha experiência pessoal, a minha visão e mesmo as minhas
dificuldades pessoais como professora.
Abstract
In this study, "Iam going to tell about what I have
missed", mainly considering what I have learned to name as difficult
of elaborating my "theoretical thought". I try to redefine
a fundamental relationship –teacher- student- knowledge – considering
Chemistry teaching. I will report and analyse what is missing to Chemistry
teachers, mainly about cognitive abilities, concerning his/her teaching
functions. During the investigation and narrative, I keep myself as a counterpoint,
as if I were "the wire" of my narrative, my personal experience,
my point of view and even my personal difficulties as a teacher.
Ao interagir com os meus colegas professores e com alunos, compreendi, em função de minha própria experiência, que o homem constitui-se como tal nas suas interações sociais, por isso é visto como alguém que transforma e é transformado nas relações produzidas em uma determinada cultura (REGO,1996 :93).
Não pude deixar de ter presentes estas idéias ao abordar nessa pesquisa, os meus processos de aprendizagem cognitiva e acadêmico-cultural deflagrados pelos meus estudos pós graduados.
As angústias e as decepções que passei, ao ingressar no Magistério, me prepararam, de certo modo, para discutir/trocar idéias/interagir com outras pessoas que estavam vivenciando estes mesmos sentimentos de que eu me apossara, ou que já tinham vivido situações semelhantes, e ainda, com aqueles que, mesmo ainda estando em um curso de Licenciatura, já projetavam que sentimentos como os meus fariam parte de suas vidas, quando eles fossem efetivamente assumir-se como professores.
Essa experiência pessoal me fez intencionar definir como objeto de investigação as experiências de sujeitos vários ao ingressar no magistério como professores de Química quer no ensino médio quer no ensino superior. Busquei investigar, portanto, as evocações e lembranças de dificuldades e de "lacunas" de conhecimento e de informações de Química e sobre a Química que, por sua vez, acarretaram dificuldades e insatisfações na prática de ensino da Química. Isto tudo tendo como ‘pano de fundo’ um tipo de formação fundada no ensino como "transmissão de conhecimento", isto é, um tipo de formação que não nos possibilitava/possibilita pensar, apenas e tão somente repetir, nem tão pouco tinha idéia de nosso pensamento em formação como profissionais docentes de Química que seríamos.
Tendo estes propósitos em mente, tomei como sujeitos de minha pesquisa os meus pares do presente(2); meus pares do passado, colegas da Licenciatura que são professores de Química no ensino médio em escolas públicas e particulares (5);alunos licenciandos do presente, envolvidos com a Prática de Ensino da Química ainda em âmbito universitário, no curso final de sua formação docente (17); professores-formadores preocupados com a redimensão da formação docente de Professores de Química do presente/futuro (3).
As manifestações desses sujeitos foram
por mim obtidas por diversos meios e instrumentos, em situações
diversas, tais como :
As manifestações, os depoimentos,
as transcrições das gravações e os textos por
mim recolhidos, à guisa de dados coletados advindos de sujeitos
diversos, foram por mim lidos e relidos e destacados em função
de núcleos de significação atinentes
à temática/problemática, bem como às questões
colocadas principalmente em termos da relação experiência
de formação docente X experiência de ensino de Química.
As idéias advindas de e contidas em esses ‘núcleos de significação’ que agruparam/agrupam as idéias apresentadas/manifestas pelos meus ‘sujeitos de pesquisa’ são usadas, em função da oportunidade e da necessidade, como contrapontos e, por vezes, pontos de vista diferenciados em relação à minha experiência pessoal refletida, tomada, por sua vez, como fio condutor desta investigação-narrativa.
À guisa de organização, expresso as minhas análises nos termos por mim já usados anteriormente, quais sejam, os de assertivas expressivas das idéias geralmenteapresentadas, agora na feição de princípiosou generalizações oriundos de experiências relatadas pelos sujeitos por mim definidos, indistintamente considerados. Isto quer dizer que eu apenas identificarei as várias manifestações pela referência sucinta à categoria de sujeito manifestante, sem privilegiar, em nenhum momento, tais manifestações apresentando-as ‘em bloco’, em termos massivos, mas em termos representativos, expressivos de uma dada visão ou ponto de vista. As formas de referência por mim definidas para os sujeitos, no curso de minha análise, são as seguintes :
Tal conjunto é por mim apresentado a seguir, como disse na feição de assertivas, mas pode também ser considerado à guisa de ‘pressupostos’ de uma nova/outra possibilidade de formação docente de Química.
Vale ressaltar que os cursos de formação docente são considerados "pouco nobres" ou de "segunda categoria" posto que permanece, em nível ideológico, matizes do que é expresso no refrão popular que diz : quem sabe faz, quem não sabe ensina... Por isso tudo, aliado ao aviltamento salarial usual de países subdesenvolvidos, é de se imaginar a impressão que causa aquele que não sabeensinar mesmo tendo estudado quatro anos para isso!
A insistência na racionalidade técnica (CARVALHO E GIL-PÉREZ, 1995, SILVA,1999) em nível da formação de professores formou, forma e continua formando profissionais, ao meu ver, com nenhum preparo pedagógico, e grandes lacunas e principalmente advindas da ausência de compreensão em relação à visão de Química usualmente tratada no âmbito do ensino.
Os registros dos caminhos percorridos por meus pares atuais eram/são muito parecidos com os meus.
Considero sobremaneira importante termos consciência de que estamos em constantes transformações e enfrentamos desafios em todos os momentos de nossa atividade docente, sem perder a perspectiva de sermos amanhã muito melhores do que éramos ontem e do que estamos sendo hoje (invocando o teor de um ditado chinês), principalmente em função das oportunidades de interação com outros epistemologicamente mais qualificados.
Tanto eu quanto os meus pares atuais levamos muito tempo para entender o nosso papel enquanto professores, principalmente, em termos tais que pudéssemos admitir que dificilmente chegaríamos a um momento considerado ótimo, a um patamar de segurança e otimização profissional. Assim, foi a compreensão da dinâmica da formação docente que nos explicitou que ser professor é assumir que precisamos estar em constantes transformações, que não podemos parar no tempo, tendo em vista que a ciência se mantém em constantes avanços... Por isso ou frente a isso, temos de reconhecer e compreender que, em âmbito de ensino e de aprendizagem, não é mais possível parar no tempo.
Nessa perspectiva, lendo e relendo idéias contidas nos textos de algumas das entrevistas através das quais foram expressos pontos de vista de professores de Química, que já se tornaram reflexivos, pude ter clareza que professores diferenciados como aqueles, que estão sempre pensando em proporcionar aos seus alunos um ensino diferenciado, não podem deixar de perceber, como dizem a importância de estar sempre transformando a sua prática de ensino, sempre em mudanças para aperfeiçoar o enfoque epistemológico e pedagógico de suas aulas, de suas ações docentes.
As primeiras aulas de qualquer professor são, certamente, inesquecíveis. Quer por serem novidades, quer por sentirmos, todos nós, nessas ocasiões, a responsabilidade que nos é posta, que está à nossa frente, ou mesmo a insegurança de não ter clareza do que ensinar ou de não saber como tratar certas questões epistemológicas no âmbito do conhecimento de nossa área/disciplina. Enfim, não temos claro o que precisamos fazer como professores porque, como já assinalei, não sabemos o que é ser professor.
Não saber ser professor neste início de um novo século, em um mundo diferente que pretende ser "globalizado", em um tempo referido como o da "revolução informática", significa muito mais e nos preocupa muito mais do que há alguns anos ou há algumas décadas atrás.
Muitos dos meus pares – que, como eu disse, tornaram-se meus sujeitos de pesquisa porque se situaram como meus interlocutores mais próximos no curso de minha trajetória profissional na graduação e na pós graduação - manifestaram preocupações com as suas dificuldades, principalmente em lidar com a linguagem da Ciência/Química, com as teorias e, conseqüentemente, com o pensamento teórico, nos termos em que um deles expressa :
Isto a escola fez conosco, dotou-nos de critérios de valores tais que acreditamos que só podemos ou devemos falar, expor, externar aquilo que se enquadre em uma "forma" maniqueistamente aprovável. Falar ou dizer do que não sabemos, das nossas dificuldades é geralmente tido como consentir, registrar ou admitir fracassos. Muitos dos relatos dos meus pares, principalmente daqueles que vou estar introduzindo em minhas discussões, apontam para esta nossa dificuldade sempre manifesta tal como :
Se esta pergunta norteadora da presente investigação chegava a me desconcertar, por vezes, uma indagação se manteve sempre presente no curso do meu processo posterior de educação continuada, justamente quando era muito difícil, no meu caso pessoal, entender de que maneira refletir sobre a prática, sobre o que se fazia – de errado! - poderia ajudar os professores no seu dia-dia em sala de aula. Poucas vezes entendi, de primeira, considerações como as de um dos meus pares atuais, que apresento a seguir, posto que me parecia uma espécie de distorção, uma manifestação de uma personalidade rara, de alguém destemido e "disposto a enfrentar qualquer coisa", que parecia não ser o meu caso, considerando o meu "temperamento tímido".
Falar, relatar e discutir sobre a prática, buscando melhorias na interação, comigo mesma e com os outros, passou a integrar as minhas ações cotidianas : passei a sempre querer relatar, tratar , analisar com outros as minhas ações e reações bem como de meus alunos.
Por isso,vale ressaltar a esse respeito, manifestações analíticas como a que se segue:
Quando conversei com vários profissionais diferenciados e diferentes pude, descobrir, primeiramente, que todos nós, de modo geral, tendemos a considerar o lugar, a instituição onde fomos ensinados, mas deveríamos manter a atenção ‘no jeito’... Percebemos que nada muda, que não há diferença na nossa formação posto que fomos formados/ensinados "do mesmo jeito", isto é, nos mesmos termos e sujeitos aos mesmos procedimentos didático-pedagógicos e epistemológicos. As manifestações de meus pares expressam isso muito bem, tal como a seguinte:
Nas aulas teóricas o modelo de ensino continuava cada vez mais familiar, o que hoje chamo de T/R. Os professores faziam a exposição dos conteúdos, explicavam, alguns usavam transparências, outros usavam apostilas, outros usavam o (um) livro didático e - a mim, como aluna, assim como aos meus colegas - cabia-nos estudar muito...para poder reproduzir nas provas.(MPA). (O grifo é meu)
A ausência de interação, ou mais propriamente, a baixíssima interação que se faz presente neste tipo de ensino, que foi o ensino de todos nós – e continua sendo o de quase todos neste país – evidencia o privilégio a memorização e não a explicação/compreensão dos fatos...
Mas,como mudar? Como ensinar diferente?Como discutir possíveis significados dos conteúdos, e as relações com a nossa vivência, em sala de aula?Como levar em conta a interação entre os elementos e aspectos que constituem as relações compreensivas de aula?
No depoimento seguinte, relativo a vários aspectos do ensino na relação com a formação que temos/tivemos, podemos ver claramente as mudanças que ocorreram com esta professora e que servem de exemplo e de ilustração das questões que estamos considerando sobre ‘formas de interação’... A reflexão sobre a própria prática em função da interação com outros sempre proporcionaram à professora, como se pode ver, a aprendizagem que ela não havia podido obter no curso de sua formação profissional considerada "regular". Nesse sentido, ela diz :
Nessa perspectiva, pude perceber que as aulas desta professora e das outras que vou relatar, diferenciam-se de aulas tradicionais, pelo modo como elas abordam os conceitos, como investigam sobre o que os alunos já sabem e sobre como trabalham a partir de e sobre pré-concepções dos alunos, para ajudá-los a perceber o valor de suas idéias e ensiná-los a trabalhar as idéias que estão surgindo.
Vejamos o que uma das professoras formadoras diz nesse sentido :
É sabido que os cursos de Licenciatura estão com sua estruturação comprometida, pois se trata de um curso que visa formar professores - e por isso leva o nome de ‘licenciatura’ - mas termina deixando lacunas profissionais de tal ordem que nem o professor nem o químico, pode-se dizer, são efetivamente formados. Além de a maioria dos conteúdos ser ensinada de forma fragmentada e descontextualizada, infelizmente os alunos, muitas vezes, não conseguem perceber as lacunas que são deixadas na sua formação. A razão primordial disso é uma só : eles nada percebem justamente porque sempre foram ensinados dessa maneira usual, portanto é esta a maneira que fica parecendo ser a única e a mais correta de se ensinar.
Em suma, o que aconteceu foi que tanto eu quanto os meus pares do passado, bem como os futuros professores, ora recém egressos da Universidade, saímos do curso como profissionais despreparados em uma dupla formação que talvez só possa duplicar o despreparo químico e pedagógico. Confrontando os depoimentos de alunos licenciandos de último ano, recém formados nos dias atuais - como os seguintes - fica claro que a situação dos profissionais do presente em nada muda/mudou, posto que o despreparo continua... se não vejamos :
® Tenho muitas dificuldades em trabalhos, tenho muitas dúvidas em Química, as aulas de prática [de ensino] vêm para comprovar que eu não aprendi muitas coisas.(FP)
Quando eu perguntei aos alunos licenciandos – a propósito de sua preparação epistemológica, cognitiva e pedagógica - se eles conseguiram desenvolver seu ‘pensamento teórico’ em Química de forma que consideravam satisfatória, alguns deles me disseram o seguinte :
Essas distorções advêm das lacunas que são ocasionadas quando se busca, em termos de formação profissional, "servir a dois senhores", quer dizer, justapor uma vertente de formação profissional eminentemente técnica com uma outra vertente que precisa ser compreensiva e significativa para o profissional a ser formado, o professor. Daí, se conclui, tardiamente, que não se pode servir a dois senhores, que não se pode servir a "Deus" e ao "diabo" ...
Quando trato de questões como essas, não posso deixar de me sentir feliz de já ter, de certa forma, superado o emaranhado de idéias que nos leva a crer, como professores de Química, que o trabalho prático, as atividades ou aulas em laboratórios, a experimentação, têm o poder de garantir um tipode aprendizagem diferenciada porque exige que os alunos – e o professor – venham a usar os seus vários sentidos para aprender, para adquirir conhecimento científico, cultivando a visão aristotélica de que "tudo o que conhecemos efetivamente passa necessariamente pelos nossos sentidos".
Nessa perspectiva, quando buscamos redimensionar a idéia de ‘experimentação’ em função do tipo de formação profissional que tivemos, não posso deixar de evocar Aragão (1993: 5) quando expressa – e também o faz geralmente em suas aulas na pós graduação em Educação em Ciências - alguns aspectos de uma visão filosófica considerada atual da ciência, que me parecem relevantes, a saber : Concepções são uma pré condição da experiência. Ver é algo que fazemos tanto com idéias quanto com sentidos. Não podemos ver aquilo que não concebemos. Além disso, as pessoas que usam concepções diferentes ao abordar o mundo, vêem o mundo de forma diferente.
Talvez, por razões como essas, já se saiba que o trabalho realizado no laboratório não mais é tido como eficaz. O laboratório parece ser apenas um local onde os alunos entram e saem – e até passam o tempo e se divertem! - sem saber realmente como poderiam relacionar os experimentos que lá fizeram, com o que estão aprendendo em sala de aula. Isto porque, via de regra, se cumpre roteiros ‘fixos’ de experimentos, se põe em prática as instruções para se obter os resultados esperados e se relatam os resultados obtidos. Contudo, não existe nem uma discussão sequer sobre o resultado de uma experiência nem, muito menos, das relações que esta possa vir a ter com os conteúdos ensinados anteriormente. Uma das professoras formadoras relata, de forma curiosa e interessante, como foi que ela percebeu a deficiência dessas aulas no curso de sua prática de ensino de Química :
...Percebi que não era suficiente apenas realizar atividades práticas, ir ao laboratório, descobrir coisas, mas era preciso construir um pensamento conceitual... As atividades tinham que conduzir à construção de conceitos, o aluno e o professor tinham que "dialogar com o experimento"... não era só colocar substâncias em contato e observar se a cor era a desejada ou não, se formava ou não um precipitado...
A professora recorda como eram suas aulas na Graduação atribuindo-lhes, agora, um novo/outro sentido e significados sobremaneira importantes para a redimensão pela compreensão de sua prática docente, nos seguintes termos :
...Nas nossas antigas [como nas atuais] aulas de Química Analítica, no meu curso de formação o professor nos deixava a tarde toda e toda a noite para descobrir o que estava errado no experimento, que não dava a cor que ele desejava. Não discutia isso! Ficávamos lá horas e horas tentando descobrir... Não aprendíamos nada com isso...(MPA).
Como poderiam, então ser as aulas de laboratório? Uma professora - à guisa de atribuição de um novo/outro sentido à prática experimental de Química - diz como é que ela costuma fazer, explicitando que é preciso explorar o fenômeno que está sendo estudado e ver as várias explicações que irão surgir- de preferência algo que o aluno ainda não tenha pensado.Não é a teoria nem a prática separada, mas admite que isso não é fácil de fazer.
A acomodação ao que sempre foi feito,
com certeza, não pode gerar avanços porque não pode
causar mudanças. Não concordar com o modelo de ensino que
me ensinaram na Graduação mas, mesmo assim, reproduzi-lo,
de nada adianta. Tenho certo que a interação com meus pares,
com meus alunos, com materiais diferenciados, me fez ver que existe, sim,
"jeitos diferentes" de ensinar e que é possível ensinar algo
que seja significativo para mim, e para os meus alunos se pudermos fazer
escolhas em função do que seja passível de compreensão
por "um cidadão comum" no mundo atual.
Bibliografia
ARAGÃO.R.M.R. Reflexões sobre Ensino, Aprendizagem, e Conhecimento, Revista de Ciência e Tecnologia, pp.15-17,1993.
CARVALHO,A.M.P e GIL-PEREZ, D. Formação de Professores de Ciências; São Paulo: Cortez 1995 - (Coleção Questões da Nossa Época).
REGO,T.C, Uma Perspectiva Histórico- Cultural da Educação, 3ª ed.Petrópolis, RJ: Vozes, 1995
SILVA,L.H.A. Buscando o Caminho do Meio: Construindo uma Parceria entre Professores e Formadores de Professores de Ciências,Dissertação de Mestrado, FE/UNIMEP, Piracicaba:1999.