Ellen Suzi C. Lima Constantino
PPGEC – Universidade Federal Rural de Pernambuco
mcldias@bol.com.br
Micheline Cavalcanti L. Dias
PPGEC – Universidade Federal Rural de Pernambuco
ellensuzi@bol.com.br
Rejane Martins Novais Barbosa
Depto de Química - Universidade Federal Rural de Pernambuco
rmnbarbosa@bol.com.br
Cristiano de Almeida Cardoso Marcelino Jr
Depto de Química - Universidade Federal Rural de Pernambuco
Marcelino-jr@bol.com.br
Resumo
Este trabalho procurou fazer uma integração entre o ensino
de ciências e as novas tecnologias, através da investigação
de animais vertebrados que vivem no zoológico, como ponto de partida
de um ambiente real, para posterior construção de um zoológico
virtual em home page. Procurou-se também despertar nos alunos e
alunas, da 6ª série do ensino fundamental, a relevância
da questão ambiental, o contato com ambientes virtuais, além
de se propiciar a interatividade com o computador e o incentivo à
pesquisa.
Abstract
This research aimed to integrate science teaching with new technologies,
through the investigation of invertebrate animals which live in the Zoo,
taking as starting-point the real place, to build, later, in home page
a virtual Zoo. It was also showed to the pupils, from the 6th year of middle
school, the relevance of environment questions, the contact with virtual
place, besides providing an interactivity with the computer and an incentive
to the research.
Introdução
O século XXI estará marcado pela presença cada
vez maior da ciência e de novas tecnologias nas vidas dos cidadãos
e cidadãs. Sendo assim, o papel do ensino de ciências deixa
de ser o de transformar alunas e alunos em futuros cientistas, para desenvolver
competências e habilidades, que lhes propiciem uma postura mais crítica
perante à ciência e às suas próprias vidas.
Essa idéia é reforçada por BIZZO (1998:11) ao afirmar
que “ensinar ciências no mundo atual deve constituir uma das prioridades
para todas as escolas, que devem investir na edificação de
uma população consciente e crítica diante das escolhas
e decisões a serem tomadas”.
No entanto, o ensino de ciências parece estar alicerçado
em pressupostos que levam em consideração aspectos puramente
acadêmicos, bem distantes da realidade que cerca os alunos e alunas.
A distinção entre o modelo de aluno e aluna“cientista potencial”
e o ensino voltado para o entendimento e resoluções das ações
cotidianas, ainda é uma questão bem complexa nas escolas,
e parece não ser trivial (MOREIRA, 1999).
Hoje, ensinar ciência é um desafio maior, visto que a
nossa sociedade vem se modificando muito devido à velocidade do
desenvolvimento científico-tecnológico. De acordo com NUNES
(1998), estima-se que o conhecimento adquirido no último século
tenha sido equivalente ao obtido durante toda a história da humanidade.
Este é um momento em que os computadores estão cada vez mais
infiltrados no cotidiano. “O constante desenvolvimento da informática
parece realmente ter envolvido o mundo em malhas, cada vez mais estreitas,
operando como um agente de uma mediação que se impõe
também nas relações entre pessoas, determinando novas
regras comunicativas” (PELUSO, 1998:13).
Para adaptar a educação ao mundo atual, são
necessárias transformações no processo educacional,
onde a tecnologia pode assumir um papel de facilitar e abreviar o processo.
Nesse contexto, a tecnologia servirá como ferramenta para auxiliar
a transposição de pesquisa em ambientes reais para ambientes
virtuais, pois de acordo com MOURAN (1999:1), “não podemos esperar
das redes eletrônicas a solução mágica para
modificar profundamente a relação pedagógica, mas
vão facilitar como nunca antes a pesquisa individual e grupal, o
intercâmbio de professores com professores, professores com alunos
e alunos com alunos”. Sendo assim, o computador não deve ser visto
como uma máquina de ensinar, mas como uma ferramenta educacional
de complementação e de aperfeiçoamento, estimulando
as alunas e alunos na busca, seleção e uso de informações.
A Internet é fortemente utilizada como fonte de informação
e comunicação. Ela traz a oportunidade de construção
de novos tipos de comunidades, comunidades virtuais, permitindo interação
entre pessoas, sem necessidade de um encontro físico. Sendo um veículo
que obteve o maior e mais rápido crescimento nas áreas da
comunicação.
A Internet poderá ser uma ferramenta útil, compatível
com as necessidades do processo educacional, se corretamente explorada
e utilizada. Ela permite ampliar a pesquisa, sem precisar deslocar geograficamente
o aluno e a aluna. Além do mais, conduz a uma crescente homogeneização
da cultura, de forma geral, sendo ainda um canal de construção
do conhecimento a partir de transformação das informações
pelos alunos e alunas.
Com a chegada da Internet, defrontamos-nos com novas possibilidades,
desafios e incertezas no processo de ensino-aprendizagem. A Internet durante
muito tempo permaneceu restrita à comunidade acadêmica; só
nos últimos três anos que o público em geral passou
a freqüentá-la. Este desenvolvimento da tecnologia computacional,
aliada a ambientes virtuais, está desencadeando uma riqueza no acesso
as informações, jamais imaginadas. Um outro potencial
do uso da Internet está na comunicação através
do correio eletrônico e de outras formas como os chat, teleconferências
e videoconferências.
Dentro deste contexto os professores e professoras devem exercer um
papel importante, investigando o desejo de aprender dos alunos e alunas,
considerando que cada um dos recursos mencionados oferece um grau diferente
de contextualização dos conteúdos veiculados. Devem
ainda escolher sites para serem trabalhados que estejam a alcance do aluno
e da aluna, para que estes participem de forma construtiva na formação
do conhecimento. De acordo com MOURAN (1999), “Ensinar utilizando a Internet
exige uma forte dose de atenção do professor. Diante de tantas
possibilidades de busca, a própria navegação se torna
mais sedutora do que o necessário para trabalho de interpretação.
Os alunos tendem a dispersarem-se diante de tantas conexões possíveis...”.
Além do mais, não podemos nos deslumbrar com a pesquisa na
Internet e deixar de lado outros instrumentos didáticos.
A chave do sucesso está em integrar a Internet com o vídeo,
televisão, jornal, experimentos, materiais impressos, visitas, dentre
outros. Integrar o mais avançado com as técnicas já
conhecidas, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa
e aberta. A internet é uma tecnologia que facilita a motivação
dos alunos e alunas, pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisas
que oferece. Esta motivação só tem sentido se
o professor e professora passarem uma confiança de abertura e cordialidade
com os alunos e alunas.
O ensino de Ciências Naturais tem se alterado nas últimas
décadas. Se há anos atrás o principal objetivo era
fornecer informações atualizadas, hoje, espera-se que esses
campos do conhecimento contribuam para formar cidadãos e cidadãs
capazes de compreender a sociedade fortemente influenciada pela Ciência
e Tecnologia.
A necessidade dessas mudanças nos paradigmas educacionais
do ensino de Ciências Naturais remete-nos para a questão de
como a tecnologia W.W.W. (World Wide Web) poderá ajudar no
processo educacional, dinamizando a infraestrutura técnico-pedagógica
das escolas, facilitando uma postura interativa e ágil necessária
ao indivíduo do século XXI.
Por exemplo, ao ensinar Ciências Naturais na 6ª série
do ensino fundamental, uma das principais preocupações é
como abordar os seres vivos, suas espécies e populações
adaptadas aos mais diversos ambientes abióticos, proporcionando
ao aluno e a aluna a noção de uma natureza única,
indissociável e interativa, visão esta compatível
com o desenvolvimento que se pretende oportunizar ao aluno e a aluna, global,
interdisciplinar e colaborativo, no tocante a benefícios da aquisição
do conhecimento em geral e nas ciências em particular.
Um outro aspecto que deve ser levado em consideração
na prática do ensino de ciências, é que o aluno precisa
saber da existência de determinadas informações e onde
estas se localizam, para que, no momento adequado as acesse. Sendo assim,
a Informática Educacional com o uso da Internet, de software, de
e-mail, chats, fórum e listas de discussões, pode estimular
a capacidade investigativa dos alunos e alunas que é uma característica
do ensino de ciências.
Neste projeto, espera-se que o aluno e a aluna, a partir da criação
do zoológico virtual, percebam, que esses recursos permitirão
transpor os conhecimentos adquiridos através das pesquisas em ambientes
reais, para ambientes virtuais, interativos. Nessa perspectiva, professores,
professoras, alunos e alunas ao usarem novas tecnologias aprenderão
uns com os outros, havendo assim uma redução de status entre
os educadores e aprendizes, proporcionando uma estrutura mais igualitária
dentro da sala de aula.
Diante do exposto, essa pesquisa poderá proporcionar às
professoras uma mudança de postura e aos alunos e alunas, perceberem
como a informática facilita o processo educativo, dando a este um
caráter interdisciplinar, aproximando a escola dos avanços
tecnológicos e facilitando a sua inserção no mundo,
onde as mudanças ocorrem rapidamente.
Sendo assim, este trabalho procurou fazer uma integração
entre o ensino de ciências e as novas tecnologias, através
da investigação de animais vertebrados que vivem no zoológico.
Teve-se como ponto de partida um ambiente real, para posterior construção
em home page de um zoológico virtual, junto com os alunos da 6ª
série do ensino fundamental. Foi objetivo também oportunizar
aos alunos e alunas o contato com ambientes virtuais, despertar a relevância
da questão ambiental, propiciar a interatividade com o computador
e incentivá-los ao interesse pela pesquisa.
Metodologia
Participaram da pesquisa 80 alunos e alunas, faixa etária de 12 a 14 anos, de duas turmas da 6ª série do ensino fundamental, de uma escola da rede privada do Recife, Pernambuco, coordenada por duas professoras, ciências e informática. O projeto teve a duração de quatro meses e foi dividido em 7 fases.
Fase 1 – Apresentação do projeto
Antes de definir os tipos de atividades a serem desenvolvidas no semestre letivo, foi discutido com os alunos e alunas e com a direção a proposta de trabalho para o tema de animais vertebrados. Nesta discussão, foi sugerida a visita ao Horto a partir dos alunos e alunas.
Fase 2 – Escolha da logomarca
Antes da atividade de campo e do trabalho on-line, as professoras delimitaram
as tarefas a serem realizadas, pelos alunos e alunas em pares. Estas
iniciaram com um concurso para a escolha do nome e logomarca do projeto.
Fase 3 – Levantamento bibliográfico
Neste momento, os alunos e alunas foram incentivados ao levantamento bibliográfico com livros previamente selecionados pelas professoras, despertando assim, o interesse pela pesquisa. Além disso, foram orientados para a elaboração de um trabalho dentro das normas da ABNT 2000, através do texto “pesquisa escolar”, desenvolvido pelas professoras.
Fase 4 – Pesquisa eletrônica
No Laboratório de Informática, os alunos e alunas fizeram uma pesquisa eletrônica sobre o animal escolhido, utilizando sites previamente selecionados e analisados pelas professoras.
Fase 5 – Visita ao zôo
Foi realizada uma visita ao Horto Zoo-Botânico de Dois Irmãos,
localizado na mata de Dois Irmãos, Recife, a fim de serem observados
além de animais em cativeiros, centenas de aves e pequenos animais
que habitam esta mata e convivem harmoniosamente com o zoológico.
Os alunos e alunas registraram as explicações por escrito
e utilizando gravador de som, máquina fotográfica e câmera
de vídeo. Além disso, também entrevistaram os profissionais
do zoológico para esclarecerem dúvidas e curiosidades.
O Parque de Dois irmãos pertence ao Estado e está diretamente
ligado à Secretaria de Tecnologia e Meio Ambiente, conta com cerca
de 650 animais de aproximadamente 120 espécies, contemplando aves,
répteis, mamíferos e um setor misto. Ele foi fundado em 14
de janeiro de 1939 e em 1997 foi revitalizado pelo governo do Estado, recebeu
novos animais e passou a ser, além de um espaço de lazer
ecológico mais agradável e seguro, sendo um local de educação
ambiental vivo e estimulante.
Fase 6 – Discussão on line
Após a visita, foi realizado entre os alunos e alunas, uma troca de e-mail e chat sobre os dados coletados na visita ao Horto Zôo-Botânico de Dois Irmãos.
Fase 7 – Construção de home page
Cada dupla construiu uma home page a partir da organização
e sistematização dos conceitos que foram formados durante
o desenvolvimento do projeto, utilizando o programa FrontPage 2000.
Resultados
Desde o momento de apresentação do projeto, os alunos
e alunas se mostraram motivados quanto à participação,
tanto pela possibilidade de contato com o computador quanto pela saída
da sala de aula para visita ao zoológico, ainda desconhecido para
alguns. Além disso, houve demonstração de interesse
pelo trabalho em grupo.
Após o período de 2 semanas, as duplas entregaram os
formulários para escolha do nome e logomarca do projeto, realizada
numa exposição (em um mural), seguida de um processo de votação
realizado pelos próprios alunos e alunas. Após apuração
dos votos, feita por um grupo de alunas e alunos, foi exposto no mural
da escola o trabalho vencedor: Animais na Internet - O mundo da Internet
traz o Reino Animal para você! (figura 1).
Após a escolha do animal a ser estudado por cada dupla, foi
realizado um levantamento bibliográfico (figura 2). Foram escolhidos
para a pesquisa animais da classe das aves (arara, avestruz, gavião,
tucano, cisne, papagaio e urubu-rei), dos répteis (jabuti, jacaré)
e dos mamíferos (urso, macaco, camelo, leão, onça,
raposa, gato-do-mato, capivara e cutia).
O mundo da Internet traz o Reino Animal para você!
Figura 1 – Desenho das alunas, Letícia (12 anos) e Carolina
(13 anos), vencedor do concurso da
escolha da logomarca do projeto.
Figura 2 – Alunos e alunas realizando o levantamento bibliográfico
Nas três aulas que ocorreram no Laboratório de Informática,
foi feita pelos alunos e alunas uma pesquisa eletrônica sobre os
animais escolhidos, nos sites sugeridos, ver fase 4. As informações
sobre os animais foram catalogadas, de acordo com o roteiro entregue aos
alunos e alunas contendo: nome científico, nome vulgar, aspectos
físicos, aspectos psicológicos, distribuição
geográfica (figura 3).
Figura 3 – Pesquisa eletrônica no laboratório de informática
A visita ao Horto Zoo-Botânico de Dois Irmãos serviu para
que os alunos e alunas coletassem os dados sobre cada animal selecionado.
Durante a visita, os alunos e alunas mostraram-se interessados nas explicações
dos monitores e tiveram oportunidade de conversar com a direção
da instituição e com um dos veterinários. Todas as
atividades desenvolvidas foram registradas (figura 4) conforme
consta na metodologia (fase 5).
Figura 4 - Alunos e alunas realizando a visita ao zôo
As atividades extraclasse proporcionaram um maior interesse e participação
dos alunos e alunas, servindo ainda, para manter o entusiasmo pelo projeto.
Essas atividades propiciaram situações de investigação
e de construção de conhecimento, nem sempre criadas em ambiente
tradicional de sala de aula. A riqueza de material vivo que se pôde
encontrar e analisar no próprio ambiente tornou bastante valioso
o estudo das relações entre os seres vivos e o meio (figura
5).
Figura 5 - Alunos e alunas observando material vivo no zôo
Os aspectos do comportamento animal verificados na visita permitiram
que os alunos e alunas pudessem observar detalhes, quase impossíveis
de serem constatados de outra forma, conforme registrado nas discussões
e relatos ao retornarem à escola. Os alunos e as alunas relataram
que um dia de aula fora do ambiente escolar é muito divertido, pois
foi possível ter um contato maior com os colegas e professoras.
Muitos aproveitaram para rever e outros para conhecer o zôo. Acharam
também interessantes as informações recebidas pelos
monitores. Entretanto, às vezes, algumas informações
que eles queriam os monitores não sabiam e nem sempre eles disponibilizaram
de tempo suficiente pa coletar dados dos animais escolhidos, pois os monitores
passavam muito rápido pela jaula.
Os alunos e alunas acharam interessante o comportamento de cada animal,
o tipo de alimentação, que é bem diferenciada, o processo
de reprodução, além de algumas curiosidades relatadas
pelos monitores e veterinário. Eles pensavam que a função
do zoológico era expor animais presos em jaulas como se fossem artigos
em uma vitrine. Com esta atividade, passaram a entender que o zoológico
tem como finalidade primordial à preservação das espécies,
além de ser um local de lazer e de educação ambiental.
Também, antes da visita, muitos alunos e alunas achavam que o zôo
era um lugar ruim, no entanto, após melhor conhece-lo passaram a
entender que o parque é um lugar onde os animais são bem
tratados, tem acompanhamento de veterinários, nutricionistas, biólogos
e estagiários da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Essas discussões enriqueceram os conteúdos dos e-mails
que os alunos e alunas trocaram entre si e com as professoras na aula seguinte.
Os chats coordenados pelas professoras, ocorreram com sucesso, devido à
empolgação e participação dos alunos e alunas,
conforme verificado em alguns dos registros. “É preciso que os visitantes
sejam mais conscientes, e não joguem comida ou qualquer outra coisa
aos animais, preservando a saúde e o bem estar deles”. “O zoológico
é uma ótima opção de lazer e também
preserva os mais em extinção”. “É preciso respeitar
estes animais assim como os outros e o seu espaço para que viram
mais tranqüilos”.
Figura 6 - Alunos e alunas coletando informações sobre
os animais
A partir das informações que os alunos e alunas possuíram foram construídas, em dupla, as home pages (figuras 7 a 10). Nesta etapa, além da participação das duas professoras, houve a colaboração da professora de português, que orientou os textos produzidos dentro das normas gramaticais.
Figura 7 – Home page da arara
Figura 8 – Home page do macaco
Figura 9 – Home page do jabuti
Figura 10 – Home page do avestruz
Todas as home pages construídas foram disponibilizadas no laboratório
de informática, permitindo aos alunos e alunas o acesso ao zoológico
virtual.
O projeto também estimulou a participação de outros
professores e professoras da escola. Foram desenvolvidas atividades
como: construção de uma história em quadrinhos (inglês),
investigação sobre a destruição da Mata Atlântica,
(geografia), relato sobre o histórico da fundação
do Jardim Botânico.(história), produção de textos
(português) e pintura em painés (educação artística).
Figura 11.
Figura 11 – Painel artístico produzido
As atividades extraclasses, como visita a um zoológico, a um
jardim botânico, a reservas florestais, são experiências
concretas com plantas e animais, que possibilitam aos alunos e alunas entrarem
numa comunhão com a vida e a natureza. Essas experiências
são decisivas na fase da infância e da adolescência,
determinando a postura que o indivíduo terá no futuro. É
quando se adquirem valores que nortearão as futuras relações
humanas. Pensar com os alunos e alunas sobre a natureza, permite uma reflexão
maior sobre o ser humano, o lugar que ele ocupa na terra e a sua responsabilidade
para com tudo o que existe ao redor.
Quando o aluno aprende mais sobre os seres vivos, ele aprende a amar
plantas e animais, ele desenvolve mais respeito pela vida como um todo
e ainda sabendo a importância de tudo o que é vivo. Isso é
na verdade, um princípio ético e sem teorizar, mas vivendo,
tentamos passá-lo através desta caminhada no Horto de Dois
Irmãos aos nossos alunos e alunas. A consciência ecológica
não nasce por acaso na cabeça dessas estudantes. Ela é
fruto de uma educação sistemática, em casa, e na escola.
A escola sozinha não consegue tal feito. Os alunos e alunas até
podem argumentar em casa, levar novos valores, mas se os pais não
os acatam, o que foi aprendido na escola fica perdido. Da mesma forma,
o que foi vivido em família ganha mais força quando tem ressonância
na escola e na sociedade. O pouco que cada pessoa faz dá o resultado
final, fazendo com que as coisas andem bem ou mal neste planeta e o ambiente
em que vivemos seja mais ou menos poluído, agradável, harmonioso
e acolhedor.
As mudanças na prática pedagógica não
acontecem por imposição ou apenas porque se deseja. Para
se tornar um professor reflexivo precisa-se de tempo e condições
e requer a reconstrução de concepções.
Além disso, o professor precisa adotar em sua prática uma
interação entre sociedade, tecnologia e meio ambiente. Também
necessita avaliar a sua prática pedagógica, considerando
as necessidades de seus alunos e alunas para que eles consigam integrar
o conhecimento teórico com a ação prática.
Este processo precisa ser vivenciado e compartilhado com outros colegas.
A ajuda de docentes mais experientes nas críticas e sugestões
aos modelos desenvolvidos e na construção de uma nova prática
pedagógica é importantíssima na ação
educativa.
Em suma, não existem receitas testadas, de como o professor
deva fazer, usar e pensar para ministrar boas aulas de ciências.
Nem tão pouco de resolver seus problemas de sala de aulo, dos mais
simples aos mais complexos.
Conclusões
Diferentemente da prática utilizada com certa freqüência
por alguns professores e professoras, concernente à ênfase
demasiada aos livros didáticos, este trabalho proporcionou a construção
do conhecimento através de diferentes ambientes e abordagens. Esta
pesquisa permitiu aos alunos perceberem a importância do uso das
novas tecnologias na educação. O contato com ambientes virtuais,
além do estímulo à criatividade, atuou como uma ferramenta
na construção dos conceitos sobre os seres vivos, especialmente
os animais vertebrados. Além disso, os chats e as trocas de e-mails
estimularam, mais ainda, as interações entre alunos e professoras.
A visita ao zoológico, além de contribuir para
a construção das home pages, serviu para reforçar
a visão dos alunos e alunas voltada à conscientização
ecológica e a função do zoológico na
preservação das espécies. A motivação
dos alunos no desempenho das atividades repercutiu e despertou a comunidade
escolar resultando em atividades complementares às propostas inicialmente,
com a participação de outros professores e alunos, contribuindo
para a socialização escolar.
Referências Bibliográficas
BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil ? São Paulo: Àtica.1998.
MELO, Maria do Rosário. Ensino de Ciências: uma participação
ativa e cotidiana, 2000.
Disponível em <http:// www.rosamelo.hpg.com.br>
MOURAM, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 1ªed.São Paulo: Papirus.1999
MOREIRA, Marco Antonio. A educação em Ciências no
primeiro e segundo graus. 1999.
Disponível em <http://www.cnpq.br/sem-edu-cie/cont-marco.htm>
NUNES, César. Tecnofobia, 2000.
Disponível em <http:// www.moderna.com.br/cibergiz/internet/tecnofobia/index.htm>
PELUSO, Ângelo (Org.). Informática e Afetividade: A evolução
teconologia conducionará nossos sentimento. Bauru, SP: EDUSC, 1998.